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sexta-feira, 29 de março de 2024

Estado apresenta nova rastreabilidade bovina em fevereiro

2007-12-21 21:43:00


O Governo de Mato Grosso do Sul apresentará em fevereiro de 2008 modelos de rastreabilidade na atividade pecuária para implantação nas propriedades rurais do Estado, conforme informações adiantadas ontem pela secretária Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, da Seprotur – pasta que estuda modelos existentes na tentativa de adaptá-los à realidade de MS.

"A pecuária de MS tem características peculiares e precisamos formular um modelo de rastreabilidade capaz de ser discutido e implantado pela classe produtora", disse a secretária, ao acrescentar que as discussões já foram iniciadas, junto às entidades que representam os produtores, para a formulação de um modelo adequado.

Na quarta-feira, a União Européia adotou medidas de restrição às importações de carne brasileira, que passam a valer em 31 de janeiro de 2008, em decorrência de problemas que envolvem a certificação e o rastreamento de origem do gado brasileiro, detectados nas inspeções sanitárias feitas pela missão da UE que esteve no Brasil em novembro. Aquele bloco econômico afirma que, sem a garantia de rastreabilidade de animais do Sistema Brasileiro de Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov), não pode ser assegurado que a carne enviada à Europa não provém de áreas onde a venda para o bloco é proibida. Segundo a missão do Brasil em Bruxelas, das 10 mil fazendas no Brasil que podiam exportar carne, apenas 300 conseguiriam ser habilitadas.

De acordo com Tereza Cristina, um novo modelo de rastreabilidade não pode incorrer nos mesmo erros do Sisbov, que não consultou a base produtiva ao ser implantado. "A base não foi consultada", alegou a secretária, ao lembrar que qualquer modelo que venha a ser desenvolvido precisa ser aceito pelo Ministério da Agricultura e pelos mercados importadores como a União Européia.

Além disso, a Seprotur analisa diferentes modelos existentes em outros países em busca de um sistema que seja operacional, ou seja, de fácil execução, transparente, barato e, principalmente, auditável pelos organismos nacionais e internacionais. "Iniciaremos os testes e simulações de modelos de rastreabilidade em fevereiro no Estado", confirmou Tereza.

A secretária lembrou que o sistema de identificação e de controle de trânsito de animais implantado na região Sul de MS, onde ocorreram os focos de febre aftosa em outubro de 2005, tem apresentado bons resultados e a experiência pode ser estendida neste origem de um modelo de rastreabilidade. "Precisamos, no entanto, discutir com os diversos elos da cadeia envolvidos para chegarmos a uma rastreabilidade confiável", destacou a secretária. Segundo ela, a garantia de implantação pelos pecuaristas pode ocorrer por meio de incentivos, seja na aquisição dos brincos ou na venda dos animais aos frigoríficos. "Ainda estamos analisando estas possibilidades, mas imaginamos que a implantação possa ter início com os novos bezerros, de forma que, com o tempo, todo ou boa parte do rebanho possa ser incluído ao sistema", explicou Tereza.

Na avaliação do presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Benedito Fortes de Arruda – que esteve em Campo Grande ontem para participar de uma palestra na Iagro –, a rastreabilidade é um princípio antigo, que passou a ser exigência internacional e veio para ficar. "Temos que estar preparados para cumprir. No entanto, este não é um processo apenas para favorecer as exportações. Precisamos da rastreabilidade para garantir a mesma qualidade aos produtos revendidos e consumidos no Brasil", disse.

Segundo ele, os médicos-veterinários defendem que a rastreabilidade exista, mas seja completa, com identificação e certificação, de forma que seja possível conhecer tudo sobre os animais e consequentemente sobre os alimentos consumidos.

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