2007-12-04 10:49:00
O preço do boi gordo brasileiro é hoje um dos mais altos do mundo. Em novembro, a cotação, em dólar, foi superior a dos vizinhos do Mercosul e à Austrália, seu principal concorrente. Em relação aos Estados Unidos, a diferença, que era de 56% no início do ano, agora é de 42%. Analistas de mercado acreditam que os valores ascendentes do animal podem tirar a competitividade da indústria brasileira, líder mundial em volume e em receita. Cerca de 33% das exportações globais do produto saem do Brasil.
Em novembro, a média do preço da carne brasileira foi de US$ 41,24 a arroba (15 kg), apenas inferior a dos Estados Unidos. Ontem, já eram US$ 43 em São Paulo. Foi justamente no mês passado que o preço interno do gado se valorizou mais. Tradicionalmente, o produto era entre 5% e 20% mais barato que o uruguaio, por exemplo, e também menor que o australiano. Isso porque muitos dos concorrentes brasileiros têm acesso a mercados que o País não tem.
Os altos preços, que transformaram a geografia dos principais exportadores de carne, se devem ao câmbio e à valorização da arroba do preço do boi. De janeiro a novembro, o dólar desvalorizou 16,05%. No mesmo período, o boi gordo teve um acréscimo de 35% em suas cotações (em reais).
"A arroba, em termos mundiais, está elevada, mas a diferença brasileira em relação aos demais diminuiu", diz Fabiano Tito Rosa, analista da Scot Consultoria. Segundo ele, essa valorização pode tirar um pouco da competitividade brasileira, mas não deve diminuir drasticamente as vendas do País, apesar de atrapalhá-las. Rosa afirma que os resultados financeiros dos último trimestre dos frigoríficos já demonstram esta perda, com o aumento das vendas internas – porque este mercado está pagando mais. Desde julho que as exportações brasileiras estão em queda, mas com aumento no acumulado do ano.