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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Aquaponia: produção com pouca água

2017-11-06 10:02:00

Plantar feijão, alface, tomata ou os mais variados tipos de hortaliças se tornou uma realidade menos distante para quem vive na Caatinga, por meio da “Aquaponia”. A tenologia usa 90% a menos de água do que na agricultura tradicional. É o que afirma a professora e coordenadora do departamento de Oceanografia da UFRN, Virgínia Cavalari. “Ouvimos falar que Caatinga é lugar pobre e escasso de recursos, mas é uma região com 1.333 municípios no Brasil, com 22 milhões de pessoas e que precisa de cuidado. É um grupo expressivo de pessoas que precisam de apoio e desenvolvimento”, disse Virgínia Cavalari.

No sistema de Aquaponia, é possível produzir de 50 a 100 kg de peixes por m³, o tempo de criação dos peixes é reduzido, cerca de seis meses. É possível plantar 20 alfaces por m², na agricultura convencional é de 16 alfaces por m². O mais importante, segundo a professora, é de a redução de custos de 80%. “Além de não usar adubo e nem defensivos”, explicou Virgínia. “É um produto orgânico, com custo baixo e economia de água bastante expressiva. É um sistema simples de implementar e facilmente replicável, cuja disseminação deve ser fomentada no âmbito de políticas de apoio a comunidades”, frisou a palestrante.


Qual a proposta do projeto de aquaponia desenvolvido na UFRN?

A aquaponia é a produção de peixes, crustáceos e vegetais ao mesmo tempo com a recirculação da água, que se encaixa na caatinga, nessa temática da crise hídrica, porque vai reutilizar a água, que vai servir para outros cultivos, onde um auxilia o outro. É um sistema de cultivo que tende a respeitar os princípios de sustentabilidade porque otimiza espaço, água e consegue reduzir os compostos hidrogenados que iriam para o meio ambiente, e que seria ruim.

De onde surgiu a ideia para fazer esse sistema?

Esse sistema já existe, alguns países já fazem, mas no Brasil ele ainda está no início e sobretudo no Nordeste, que é quase inexistente. A aquicultura vem trabalhando com sistemas fechados e mundialmente tende a sistemas sustentáveis e eficientes. Eu tenho um laboratório onde produzidos camarão de água doce e estava buscando inovar. Fui convidada por um grupo de professores para fazer parte de um grupo de pesquisa e estavam envolvidas em uma cooperação internacional com Israel. Com os estudos, acertei parceria e diz um módulo pequeno na Caatinga, o que foi muito desafiador, imagine cultivar peixes e camarão na Caatinga, que é seco e árido e tido como pobre, mas não é nada disso, é um bioma muito rico. Esse sistema também pode ser produzido em locais urbanos, em casa, apartamento, como decoração. Temos que priorizar sistemas na Caatinga, com economia de água.

Qual é a economia de água gerada pela aquaponia em comparação com o cultivo tradicional?

É de 80% a 90% de água em relação a agricultura tradicional. A terra não é essencial para produção dos vegetais, ela é responsável pela sustentação da plantação. O que ela precisa é de nutrientes e esses serão produzidos por peixes e camarões que estão vivendo ali, então um ajuda o outro. Além de não usar produtos químicos nessa produção, a quantidade de pragas é reduzida.

Por que ainda é um projeto pouco difundido?

Porque existem muitos tabus, de que o Nordeste é pobre e que na Caatinga não tem água, quando na verdade é muito simples. 

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