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ILPF resulta em maior ganho de peso na pecuária de corte

2017-09-22 07:06:00

Pelo segundo ano seguido, uma pesquisa realizada pela Embrapa Agrossilvipastoril em parceria com a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e Associação dos Criadores do Norte de Mato Grosso (Acrinorte) mostrou que o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) foi mais eficiente no ganho de peso de bovinos de corte da raça nelore.

O estudo compara quatro sistemas produtivos: pecuária exclusiva, integração lavoura-pecuária (ILP), integração pecuária-floresta (IPF) e ILPF completa.

No sistema em que a área foi lavoura de soja e milho com braquiária por dois anos, seguida por dois anos de pastagem com Brachiaria brizantha cv. Marandu, com linhas simples de eucalipto a cada 37 metros, resultou em 40 arrobas por hectare no ano, em média. O número é 30% superior às 30 arrobas que foram obtidas nos demais sistemas e dez vezes maior do que a média de produção do estado de Mato Grosso, que é de 4 arrobas por hectare. A média nacional é de 6 arrobas. 

 

 

O resultado obtido na avaliação feita entre julho de 2016 e julho de 2017 também mostrou como o aumento da tecnologia usada na pecuária, com aumento de adubação e da suplementação proteinada, podem resultar em ganhos de produtividade. Quando comparados aos dados do período de julho de 2015 a julho de 2016, verifica-se um aumento significativo em todos os sistemas produtivos.

No primeiro ano de avaliação foram usados 50 kg de adubo (NPK) por hectare e foi feita suplementação alimentar com 0,1% do peso vivo por dia. No segundo ano os valores dobraram.

Entendendo os resultados

De acordo com o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, Bruno Pedreira, apesar de ter resultado em maior produção de forragem em todos os sistemas, o aumento da adubação teve maior impacto na pecuária exclusiva e na IPF. Na pecuária houve um aumento de 56% no acúmulo de forragem e na IPF de 36%, com ambos os sistemas produzindo cerca de 20 toneladas/ha por ano. Ainda assim, a produção na ILP (22 ton/ha) e na ILPF (25 ton/ha) foi maior.

“No ano 1 já tinha um residual de adubação da lavoura na ILPF e na ILP. Então eles já estavam produzindo bem no primeiro ano. Quando colocamos 100 kg de NPK a capacidade de produção se mantem ou ainda incrementa”, explica Bruno Pedreira.

 

Com a melhor disponibilidade de forragem em todos os sistemas e com o aumento da suplementação alimentar, a alteração no ganho de peso médio diário foi de aproximadamente 100 g por animal nos quatro sistemas avaliados. Isso representou aproximadamente 17% de melhoria quando comparado ao primeiro ano de avaliação, com uso de 0,1% de peso vivo de proteinado por dia.

Bruno explica que estatisticamente não houve diferença, com os valores do segundo ano variando de 678 a 777 gramas de ganho de peso diário. Logo, o que contribuiu para o aumento da produtividade por hectare foi a maior capacidade de lotação do sistema ILPF.

De acordo com a pesquisa, a média anual de lotação na ILPF foi de 3,47 UA/ha, contra 3 UA/ha da IPF, 2,78 da pecuária e 2,66 da ILP.

Havia uma expectativa de resultados melhores na integração lavoura-pecuária. Porém, por algum motivo que ainda precisa ser estudado, esse sistema foi mais suscetíveis ao ataque de cigarrinha do que os demais.

Análise dos resultados

Para o pesquisador Bruno Pedreira, os dados obtidos no segundo ano de avaliação ressaltam o efeito benéfico do maior uso de tecnologia e da profissionalização da atividade para a obtenção de melhores índices produtivos no sistema. Mesmo na pecuária exclusiva é possível ter ganhos significativos.

“Levando em conta que temos muitas áreas no país em que a agricultura não é uma possibilidade, o silvipastoril não é viável, por impedimentos de mecanização ou de logística, o que esses números trazem é a possibilidade de fazer um sistema produtivo de pecuária tradicional. Desde que de maneira empresarial. Desde que buscando manejo de pastejo de maneira muito coerente. Esse nível de desempenho animal, mesmo que com suplementação, é muito associado ao bom manejo do pastejo”, afirma.

Os dados reforçam ainda o entendimento de que a integração de culturas traz ganhos globais para o sistema produtivo. É a chamada sinergia do sistema, em que há maior ciclagem de nutrientes, melhoria do microclima, menor perda de água, entre outras consequências que favorecem a produtividade.

“Está muito claro para nós a possibilidade que a ILPF traz, com uma complementariedade entre os componentes de forma com que alcancemos números ainda melhores. Em suma, eu consigo fazer uma pecuária tradicional extraordinária. Mas se eu tiver condição de fazer ILPF e fizer ela bem feita, eu vou ter números ainda melhores do ponto de vista agronômico e zootécnico”, resume Pedreira.

Parceria

 A pesquisa com pecuária de corte em ILPF é conduzida pela Embrapa Agrossilvipastoril em um experimento de 72 hectares localizado no campo experimental da instituição, em Sinop (MT).

De 2015 a 2017, durante os dois anos de avaliação dos sistemas, a Acrimat foi parceira no projeto, financiando parte dos custos do experimento. De acordo com o presidente da associação, Marco Túlio Duarte Soares, está entre os pilares da Acrimat o desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva da pecuária de corte.

“A parceria estabelecida nos dois últimos anos com a Embrapa apontou que é possível aumentar a produtividade nas propriedades, viabilizando o desenvolvimento sustentável nos âmbitos ambiental e econômico. Agora precisamos difundir as técnicas que possibilitam produzir mais carne em menores áreas e de forma integrada com outras atividades”, avalia o presidente.

A Acrinorte, por sua vez, desde 2015 fornece os animais para as pesquisas, parceria que foi prorrogada até 2019.

“Essa parceria é fundamental para nós e para a região também. A Embrapa é a nossa referência em pesquisa. Esse trabalho nos mostra que a pecuária tem por onde andar. Tem espaço para evoluir. Às vezes pecuaristas falam que não tem como ter o mesmo rendimento que a soja, mas estamos vendo que com tecnologia e manejo correto, tem como ter rendimento igual ou até melhor”, analisa o presidente da Acrinorte, Olvide Galina.

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