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Tecnologia: Lavoura que parece fábrica moderna e de última geração

2017-01-19 14:22:00

Tecnologias como digitalização e automação devem tornar o trabalho no campo mais previsível e rentável. A boa notícia: as fazendas brasileiras já estão preparadas para colher esses frutos.

Para os 800 funcionários da Rasip, empresa que cultiva frutas sediada em Vacaria, na Serra Gaúcha, uma maçã já não é mais uma simples maçã. Agora, ela é também um conjunto de informações digitais. Cada uma das 416 milhões de frutas colhidas anualmente pela empresa é fotografada 200 vezes por um scanner que coleta dados como cor, peso, tamanho e eventuais defeitos.

As informações munem um software que separa as frutas em 46 categorias – há o grupo das mais gordinhas, das mais verdinhas, e aí por diante. O intuito da seleção é enviar a fruta certa ao mercado consumidor correto, seja no Brasil, seja no exterior.

Antes da digitalização do processo, em 2014, a mesma separação era feita manualmente por 100 pessoas. Para adotar o processo tecnológico, a empresa fez um investimento de 15 milhões de reais. E as inovações da Rasip, parte do grupo Randon, são apenas algumas das novidades recentemente adotadas nas empresas agrícolas do empresário Raul Randon.

O objetivo? Aumentar a produtividade e a qualidade da produção agrícola. Nas fazendas, as vacas leiteiras usam tornozeleiras eletrônicas que monitoram os sinais vitais e a movimentação dos animais. Na produção de queijos, robôs giram lentamente as peças de 40 quilos de parmesão em processo de maturação nas câmaras frias – dando mais eficiência a uma técnica desenvolvida há séculos na Itália.

‘No agronegócio, há processos que são e serão manuais, mas há etapas que podem ser automatizadas’, diz Sérgio Barbosa, diretor da Rasip. O que a empresa de maçãs e queijos já faz está prestes a virar o padrão na cadeia do agronegócio no mundo todo.

O fenômeno da internet das coisas, conceito para a conexão digital de máquinas a fim de extrair delas dados que possam levar a processos produtivos mais eficientes, está chegando à lavoura. E deverá ter um crescimento exponencial nos próximos anos.

Segundo dados da americana Tractica, consultoria em tecnologia no agronegócio, o volume de vendas de máquinas agrícolas contectadas à internet, como tratores-robôs e drones, deve chegar a 74 bilhões de dólares em todo o mundo até 2024. Neste ano, não deve passar dos 5 bilhões de dólares.

O volume de sensores espalhados no campo para coleta de informações – hoje na casa das dezenas de milhares no mundo – deverá ultrapassar 2 bilhões em 2050, segundo estimativa da PLC, fabricante americana de sistemas para internet das coisas.

Parte desses componentes estará circulando em tratores autônomos – tecnologia que vem sendo perseguida por montadoras como a americana John Deere, a italiana CNH e a brasileira Jacto. ‘Os tratores sem motorista devem ser uma realidade nas fazendas no prazo de dez anos’, diz Maurício de Menezes, especialista em agricultura de precisão da John Deere no Brasil.

O motivo para que tantas novas tecnologias avancem no campo é um só: o planeta não dispõe de terras aráveis em quantidade suficiente para alimentar uma população que deverá chegar a 10 bilhões de pessoas em três décadas. A saída para não faltar alimentos é melhorar o jeito como eles são produzidos.

A tecnologia, nesse caso, vai ajudar a reduzir a imprevisibilidade que sempre marcou a vida de quem está na lavoura. Na prática, isso significa aproveitar ao máximo o potencial da terra utilizando a menor quantidade de matérias-primas e minimizar o risco de perder o investimento devido a uma seca, enxurrada ou praga.

Nas contas da consultoria Bain&Company, com base em modelos de fazendas já digitalizadas no Brasil e nos Estados Unidos, a aplicação conjunta de tecnologias de internet das coisas, big data e inteligência artificial garante aumentos de pelo menos 10% nas receitas dos fazendeiros. Se todas as fazendas brasileiras já estivessem nesse estágio de desenvolvimento tecnológico, o setor teria faturado 50 bilhões de reais a mais em 2016. ‘Nos próximos anos, a maioria dos ganhos da lavoura virá da digitalização’, diz o sócio da Bain, Luís Oliveira.

A boa notícia é que o agronegócio brasileiro já fez a lição de casa para entrar na corrida global pela digitalização da lavoura. A começar pela quantidade de fazendas que já dispõem de conexão à internet, condição básica para que a tal revolução da contectividade possa, de fato, chegar ao campo.

Segundo um levantamento da Strider, empresa mineira de tecnologia para lavouras, com 3 mil fazendeiros de todas as regiões do país, mais da metade já está contectada – entre as propriedades acima de 10 mil hectares, o índice é de 98%. A grande maioria dos acessos é por antenas que usam sinais de satélite ou rádio e são mantidas pelo próprio produtor rural – as conexões via 3G chegam a apenas dois em cada dez trabalhadores rurais do país.

Entre as grandes fazendas, a maior parte já informatizou os sistemas de gestão financeira, outro indicador importante para medir a predisposição do agricultor em colocar tecnologia em seu dia a dia. O apetite por inovação no agronegócio brasileiro vem de longe.

Nas últimas décadas, a Embrapa, empresa pública de pesquisas para o campo, desenvolveu grãos adequados ao solo árido do cerrado brasileiro, o que permitiu transformar o Brasil num dos maiores produtores de soja do mundo. A renovação de máquinas tem sido intensa nos últimos anos: 30% dos tratores e das colheitadeiras em campo têm menos de cinco anos de uso.

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