2017-01-15 10:02:00
Entidades de classe que representam o setor sucroenergético na região de Piracicaba (SP) divulgaram nesta sexta-feira (13) um nota de repúdio ao enredo de 2017 da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, do Rio de Janeiro (RJ). Para as entidades, a escola faz crítica equivocada ao agronegócio.
Na mensagem, o Centro Canagro José Coral afirma que a agremiação mostra um cenário distorcido e irresponsável ao criar alas que generalizam as más práticas agrícolas e o desrespeito ao meio ambiente.
O texto é assinado por representantes da Associação dos Fornecedores de Cana de Piracicaba (Afocapi), Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), a Cooperativa de Crédito Sicoobcocre e o Sindicato Rural de Piracicaba e Região (Sindirpi).
Nele, os mais de 10 mil associados dizem concordar, por meio de seus diretores, com as manifestações de repúdio ao enredo Xingu – O clamor que vem da floresta.
“A escola demostra não ter conhecimento sobre a importância do agronegócio brasileiro, responsável pelo saldo positivo da balança comercial, com 22% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e que gera em torno de 37% dos empregos do país”, diz o texto.
O comunicado ainda diz que o enredo apenas defende os índios.“Portanto lamentamos profundamente que a escola de samba Imperatriz Leopoldinense tenha somente defendido os nossos índios e atacado o agronegócio, um setor que só traz beneficio ao nosso país”, finaliza a nota do Centro Canagro.
A Sociedade Rural Brasileira, a Organização de Plantadores de Cana da Região Centro Sul do Brasil (Orplana), entre outras entidades também se manifestaram contrarias ao enredo. No Triangulo Mineiro, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) também divulgou, no uma nota de repúdio no último dia 6 de janeiro
O que a escola diz
Por meio de nota assinada pelo presidente da Imperatriz Leopoldinense, Luiz Pacheco Drumond, a escola de samba afirma que o enredo, de autoria do carnavalesco Cahe Rodrigues, fala sobre a “rica contribuição dos povos indígenas do Xingu a cultura brasileira e tenta transmitir uma mensagem de preservação e respeito a natureza e a biodiversidade".
Segundo Drumond, “relatos da própria população que vive na região do Xingu mostra que o povo ainda é alvo de disputas e constantes conflitos. A produção, muitas vezes sem controle, as derrubadas, as queimadas e outros feitos desenfreados em nome do progresso e do desenvolvimento afetam de forma drástica o meio ambiente, além de comprometerem o futuro de gerações vindouras”.
Outro ponto ressaltado pela agremiação é que não teve a intenção de generalizar e que pesquisas científicas apontam os diversos males que o agrotóxico traz ao solo, ao alimento e para a saúde.
“Esclarecemos que no trecho de nosso samba 'o Belo Monstro rouba a terra de seus filhos, destrói a mata e seca os rios' estamos nos juntando às populações ribeirinhas, às etnias indígenas ameaçadas, aos ambientalistas e importantes setores da sociedade que se posicionaram contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. Não é uma referência direta, portanto, ao agronegócio, como alguns difundiram. Os impactos negativos desta obra ao meio ambiente serão imensuráveis, estão constantemente nas pautas de debates, são temas de discussões recorrentes em audiências públicas e foram amplamente divulgados pela imprensa nacional e estrangeira. A nossa mensagem é de preservação, respeito, tolerância e paz. Todos os que acreditam nesses valores estão convidados a celebrar conosco”, diz a nota.