Seca prolongada pode reduzir área da soja

2007-10-03 17:23:00

A estiagem prolongada deste ano poderá provocar redução na área plantada de soja em Mato Grosso. O alerta foi feito ontem pelo presidente do Sindicato Rural de Sinop, Antônio Galvan, apontando a falta de chuvas como o principal motivo no atraso do plantio. “Este atraso vai obrigar o produtor a refazer o seu planejamento de safra. Ou ele investe mais na soja e perde no algodão ou faz o inverso. Acredito que a segunda opção será melhor, pois os produtores normalmente já têm contratos de venda de algodão para exportação e não podem falhar”, lembra Galvan.

Segundo ele, a situação da estiagem em todo o Estado é preocupante, podendo interferir nas safrinhas de milho e algodão. “A soja precoce em áreas que serão utilizadas para o plantio do algodão já era para estar semeada. Acredito que muitos produtores poderão suspender o plantio da soja em uma parte da área para plantar algodão, pois ele não vai dar conta de fazer duas safras em um período mais curto e com chuvas escassas”.

Galvan lembra que aqueles que plantam somente a soja não vão ter muitos prejuízos, pois o ciclo de plantio vai até 20 de novembro. Já para aqueles que pretendem plantar a safrinha de algodão, o prazo já está expirando. “Se chover até o dia 10 de outubro vai dar para plantar, mas a safrinha não será tão boa em termos de produtividade”.

Por isso, ele diz que há possibilidade de redução da área de soja. Só na região da Grande Sinop (503 quilômetros ao norte de Cuiabá) deverão ser plantados este ano 350 mil hectares de soja.

Galvan conta que no ano passado, nesta mesma época do ano, os produtores já haviam semeado 20% da área. “A maioria começou a plantar no dia 20 de setembro. Este ano, entretanto, a situação é de calamidade e praticamente ninguém plantou, à exceção de algumas experiências em Nova Mutum e Sapezal”. As áreas mais críticas com a estiagem este ano são Lucas do Rio Verde, Sorriso e toda a região da Grande Sinop.

PRODUTORES – Com 32 mil hectares nos municípios de Lucas do Rio Verde, Sorriso, Tapurah, Trivelato e Ipiranga, o produtor Orcival Guimarães está na expectativa das chuvas para intensificar o plantio. Até agora ele plantou apenas 320 hectares, 1% da área total prevista para esta safra. “Foi apenas uma experiência, pois ainda não há umidade no solo e corremos risco se avançarmos com o plantio em larga escala neste momento”.

Na região de Campo Verde, a Fazenda Filadélfia do Grupo Scheffer comandado pelo megaprodutor Eraí Scheffer Maggi também está aguardando chuvas para iniciar o plantio. Nessa fazenda a previsão é de que sejam plantadas 60 mil hectares entre safra e safrinha de soja, milho e algodão. Só de soja deverão ser plantados 31,80 mil hectares.

De acordo com informações da fazenda, só ocorreu uma chuva até agora na região, há cerca de 15 dias, o que não foi suficiente para o início do plantio. Em situação idêntica está a Fazenda Buriti (Chapada dos Guimarães), também do produtor Eraí Maggi, que aguarda as chuvas para iniciar o plantio.

Em Rondonópolis e Primavera do Leste, ao sul do Estado, a situação não é diferente. De acordo com Sidnei Xavier de Moraes, da Fazenda Lagoa Encantada, em Primavera do Leste (239 quilômetros ao Centro Leste de Cuiabá), “ninguém na região está plantando”. Segundo ele, “só deu uma chuva de 10 milímetros (mm) até agora, quando o mínimo seria 70 mm para iniciarmos o plantio”. Ele acredita que só depois de “duas boas chuvas os produtores vão começar a plantar na região”.

No ano passado, nesta mesma época, os produtores da região já haviam cultivado pelo menos 30% da área destinada à soja.