2007-02-09 14:04:00
O combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, só será efetivo a partir do momento em que as barreiras internacionais restritivas de ação que existem entre Brasil e Paraguai forem suprimidas. A opinião é do vereador Osmar de Mattos (PSDB), que em pronunciamento na última sessão da Câmara Municipal de Ponta Porã alertou para o risco de epidemia na fronteira. Ele invocou o Parlim (Parlamento Internacional Municipal), criado para debater questões comuns que envolvam as cidades de Ponta Porã (MS), do lado brasileiro e sua co-irmã Pedro Juan Caballero (Amambay), no Paraguai, para viabilizar uma grande campanha no ‘Dia D’ que será realizada em todo país, com ênfase na fronteira, que apresenta diversos registros de casos suspeitos. “Dos 14 mil casos verificados no Brasil, assusta-nos constatar que 74% estão em Mato Grosso do Sul, que registra mil casos por dia”, enfatizou o parlamentar. Mattos falou da importância da criação do comitê binacional para tentar resolver o problema, chamando a atenção para as reuniões que vão tratar do assunto, nesta quarta-feira (7) na Casa da Cultura, em Pedro Juan e no dia 8 em Ponta Porã (audiência pública). “O Parlim tem que estar presente, para que a burocracia deixe de existir, precisamos eliminar as barreiras existentes entre os dois países para que o trabalho conjunto seja possível”, afirmou Osmar de Mattos. Ele defende a participação de todos os segmentos da comunidade como forma de potencializar o combate ao mosquito transmissor da dengue. O vereador citou também o compromisso feito pelo pecuarista André Cardinal Quintino, que participou de uma reunião na prefeitura representando o presidente do Sindicato Rural de Ponta Porã, Ronei Silva Fuchs, de mobilizar pelo menos 250 produtores e seus veículos para o trabalho do ‘Dia D”, nos dois municípios. “O que a imprensa está divulgando é coisa muito séria”, alertou. Lembrou que em Assunção (capital do Paraguai) um médico morreu vítima da dengue. Segundo ele, foi através do livro sobre o Parlim (editado pelo vereador Marcelino Nunes no ano passado) que as autoridades passaram a acreditar que uma ação conjunta, sem barreiras, possa funcionar. “Se a diplomacia achar que as autoridades estão impedidas de cruzar a fronteira para combater a dengue, talvez fique muito tarde para resolver esta preocupante crise”, sentenciou. Osmar de Mattos disse que não gostaria de ver Ponta Porã tomada por uma epidemia. “Se Deus quiser isso não vai acontecer”, aposta. O parlamentar disse que Ponta Porã deve seguir o exemplo da cidade de Dourados. “Lá os proprietários de imóveis são notificados duas vezes e, terceira, recebem multa, é preciso penalizar depois agir”, apontou. Ele defendeu a aprovação de uma lei que dê ao prefeito autoridade para autuar os que não colaborarem com a campanha. “Quem não acreditar vai se dar mal”, assevera. PARLIM. A iniciativa de Osmar de Mattos recebeu pronto apoio do presidente da Câmara Municipal, Marcelino Nunes de Oliveira (PT), idealizar e autor da lei que criou o Parlamento. “De fato, o Parlim pode ser convocado para esta tarefa, pois é formado por vereadores das duas cidades fronteiriças e a aprovação de lei realmente poderia embasar a punibilidade”. Para Marcelino Nunes, o quadro atual não deixa dúvida de que somente leis conjuntas podem ajudar a conter a proliferação dengue. “É assustador, temos até médicos vítimas da doença, se não criarmos dispositivos para que todos entrem na luta, corremos o risco de sermos a próxima vítima, não estamos imunes e não podemos ficar olhando o barco passar”, afirmou. O presidente da Câmara explicou que qualquer lei que seja aprovada pelo Legislativo tem que prever a possibilidade de multa. “Não é só o poder público o responsável pela saúde do cidadão, todos são responsáveis perante a sociedade”, explica. O vereador disse que Ponta Porã corre risco a partir da constatação de que já foram registrados mais de mil casos suspeitos só na região de fronteira.
