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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Impacto de usinas no Cone Sul é discutido em Naviraí

2007-02-08 07:40:00

Representantes de municípios impactados pelas usinas Sérgio Motta (Porto Primavera), Jupiá e Ilha Solteira, na margem direita do rio Paraná, fizeram hoje uma reunião na Câmara Municipal de Naviraí. Eles decidiram elaborar um documento, com texto final a ser entregue na Associação dos Municípios do Mato Grosso do Sul (Assomasul), no próximo dia 15, pedindo apoio para uma o cumprimento de uma agenda de discussão inter-ministerial, no dia 27, às 14h30, em Brasília.
A reunião foi organizada pelo gerente de Meio-Ambiente da Prefeitura de Naviraí, João do Carmo Neves e pelo líder do grupo de trabalho – Francisco Ramalho (Bataiporã). Também estiveram presentes no evento a prefeita de Itaquiraí – Sandra Cassone, os vices-prefeitos de Naviraí (Ronaldo Botelho) e de Itaquiraí (Waldir Sell) e as delegações de Mundo Novo, Eldorado, Itaquiraí, Naviraí, Bataiporã e Jateí. Também apresentarão reivindicações as prefeituras de Taquarussu e Anaurilândia, que não enviaram representantes.
Francisco Ramalho disse que “a Cesp tem responsabilidades e ações indenizatórias e de compensação que não foram ou não estão sendo cumpridas, além de no problema atual da cheia do rio Paraná, ter apenas informado, através de seu site, um pouco antes da abertura das comportas, que liberaria a água dos reservatórios, através dos vertedouros, não dando tempo para que os ribeirinhos tomassem qualquer providência para evitar problemas catastróficos”.
Sem ter havido um plano de manejo e gestão compartilhada, a partir da abertura das comportas das usinas, principalmente a de Porto Primavera, a mais questionada, está havendo o alagamento, que já deixou várias centenas de desabrigados, com invasão de pastagens, áreas agrícolas e olarias.
O vice-prefeito de Naviraí, Ronaldo Botelho reclama que “a Cesp ganha milhões e não paga nada por isso”. Para a prefeita de Itaquiraí, Sandra Cassone, “a impunidade da Cesp tem que acabar” e Ramalho disse que “São 30 anos de exploração de áreas do Mato Grosso do Sul invadindo áreas de nossos municípios, sem que haja retorno financeiro e mitigação das perdas dos recursos naturais renováveis, que afetou com perca econômica para nossos ribeirinhos”.
Ramalho lembra que um só pecuarista da região de Anaurilândia teve que remover oito mil cabeças de gado em tempo record, “forçado pela água que atingia o corpo de seus cavalos e cavaleiros”. Ele lembrou que há um fazendeiro com mais de 3,5 mil vacas PO, em Bataiporã, que não sabe como alimentará suas vacas, pois, segundo ele, “não se sabe qual será a condição da pastagem quando a água abaixar”.
Ele lembrou também eu os municípios da margem esquerda (paulistas) estão explorando o turismo com praias artificiais, como em Rosana e Ilha Solteira, mas que estão sendo negadas as autorizações para este mesmo tipo de benefício, para os municípios de Bataiporã e Selvíria.
Em Naviraí, o presidente da associação dos Pescadores do Porto Caiuá, Davi dos Anjos, quer saber como vai ficar as questões das mortandades dos peixes do rio Paraná, ocorrida nos últimos oito meses e como fica a mais recente, que ocorre há anos de duas semanas, no rio Ivinhema, dentro do Parque Estadual.
De acordo com o ambientalista João do Carmo Neves, “se a mortandade estiver acontecendo por causa da contaminação por metais pesados como o cobre, infeliz daquele que consumir”. E é por isto que Davi dos Anjos está preocupado com a abertura da pesca, no dia 28 de fevereiro. “Não vai adiantar nada para nós, se não tiver como pescar, só que o problema maior é não ter mais o seguro-desemprego”, afirma antes de indagar – “como é que vamos sobreviver”.]
Após a reunião de Naviraí, cada representação municipal volta com a tarefa de listar seus problemas e reivindicações, a ser colocadas no texto do documento em Brasília.

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