2016-07-10 18:52:00
Vilson Nascimento
A saída de Dourados do sistema de gestão plena alivia os problemas financeiros do município com o setor, mas pode provocar colapso na saúde da macrorregião.
A maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul atende, no setor de média e alta complexidade, 32 municípios da região.
Gestores municipais e diretores de unidades hospitalares da região Cone Sul do Estado temem que, com a saída de Dourados da gestão plena, o que levaria à interrupção do atendimento a pacientes da região, possa ocorrer uma verdadeira “avalanche” de mortes de pacientes deslocados na chamada “vaga zero”, dentro de ambulâncias por falta de atendimento.
São pacientes classificados como pacientes de vaga zero aqueles vítimas de acidentes graves, feridos por armas brancas (facas, por exemplo) armas de fogo ou até mesmo com complicações de saúde que necessitem de atendimento em unidades com maiores recursos médicos por estarem em situação de iminente risco de morte.
Hoje Dourados presta esse atendimento regional por meio do Hospital Evangélico, o Hospital Universitário e principalmente o Hospital da Vila, que absorve a maioria dos casos de vaga zero da região.
Se Dourados parar com esse atendimento, toda essa demanda terá que ser encaminhada a capital do Estado, Campo Grande, distante cerca de 230 quilômetros adiante.
Acontece, segundo os gestores de saúde pública da região que, por conta de política interna, Campo Grande vem boicotando o sistema de regulação de vagas para casos emergenciais do Governo do Estado.
A capital está ficando com 80% das vagas para atender a população local e destinando apenas 20% para os municípios do interior, quando deveria disponibilizar 40% das vagas.
Preocupado com a grave situação da saúde na região e com o objetivo de encontrar uma saída para a problemática, o deputado estadual Renato Câmara, em conjunto com o Conselho Municipal de Saúde da cidade de Dourados, promoveu, em nome da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (AL/MS), uma audiência pública na sexta-feira, 8 de julho, na cidade de Dourados.
A audiência, que aconteceu na sede do Poder Legislativo Municipal local (Câmara de Vereadores), contou com a participação de gestores de saúde de Dourados e de municípios da macrorregião, do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público Estadual (MPE) e representante do Governo do Estado, entre outros segmentos.
Na audiência o secretário municipal de saúde em Dourados, Sebastião Nogueira, deixou claro que o município não tem interesse em deixar a gestão plena e parar de atender a região, mas se não receber ajuda financeira será forçado a fazê-lo por falta de recursos. Segundo o secretário, Dourados, por conta da defasagem da tabela SUS (Sistema Único de Saúde) e do atendimento regional aliado ao atendimento interno, tem um déficit mensal médio na ordem de R$ 38 milhões para o atendimento da média e alta complexidade, recursos que tem saído dos cofres da Prefeitura local.
No vídeo falas e trechos importantes da audiência pública:
Veja a reportagem completa na edição impressa desta terça-feira (12) do jornal A Gazeta.