18.8 C
Amambai
quinta-feira, 28 de março de 2024

Comissão de Agricultura anuncia audiência pública após reunião com produtores de mandioca

2015-04-17 18:07:00

O presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Políticas Rural, Agrária e Pesqueira, deputado estadual Marcio Fernandes (PTdoB), intermediou na tarde da quarta-feira (15) na Presidência da Casa de Leis, reunião com produtores de mandioca, representantes da indústria, prefeitos e lideranças do Estado para esclarecer os efeitos ocasionados pela crise no setor da mandiocultura. “Mato Grosso do Sul é um dos grandes produtores de fécula no Brasil, atividade que é muito explorada pela agricultura familiar em todo o Estado. É a primeira reunião do ano realizada pela Comissão de Agricultura e precisamos buscar soluções que garantam o plantio, o cultivo e mantenha o emprego desses trabalhadores”, destacou Marcio Fernandes.

Segundo os últimos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a área plantada de mandioca é superior a 30 mil hectares em Mato Grosso do Sul, colocando o Estado como segundo maior produtor de mandioca do país. Os produtores criticam o baixo preço pago pelas fecularias em função da alta produtividade e cobram a fixação de um preço mínimo de 0,55 centavos pelo grama da mandioca comercializado.

Mato Grosso do Sul possui 20 fecularias que produzem em média 130 mil toneladas por ano. No entanto, o valor pago pelas fecularias tem sido insuficiente para cobrir as despesas com o custo da produção, ameaçando o futuro da cultura de produção de mandioca. Para o produtor de Ivinhema, José Corte Real, a explicação da crise na mandiocultura está na supersafra. Segundo ele, as fecularias não conseguem acompanhar o ritmo da produção e sem ter como escoar, também não absorvem a fabricação excedente. “Há dois anos o grama da mandioca chegou a custar um real. Hoje está em torno de 0,26 a 0,33 centavos em função da superprodução. Dessa forma, a gente não consegue colher e menos ainda pagar o investimento, que seria o financiamento do banco”, pontuou José.

O secretário-adjunto da Secretaria de Estado de Fazenda, Jader Afonso, acredita que a crise na mandiocultura no Estado é, basicamente, de caráter econômico. “É preciso um trabalho permanente quando houver excesso de ofertas para que tenha também uma manutenção dos preços mínimos, sem prejuízos para o mercado, quando não houver demanda. Vamos estudar uma forma de colaborar com o produtor no que se refere à questão tributária”, garantiu.

A reunião foi solicitada pelos deputados estaduais João Grandão (PT) e Renato Câmara (PMDB), que defendem alterações na lei 2.608/2003, que trata da adição de percentual de fécula ou farinha de mandioca na confecção de pães e similares. O deputado estadual João Grandão destaca a revogação da lei 2.414/2002 como prioridade, já que até hoje não foi regulamentada e pede a continuidade do debate a partir de novas propostas. “Essa reunião representa um avanço. Muitas sugestões foram apresentadas e quem ganha com isso é a cadeia produtiva”, disse. O deputado estadual Renato Câmara, que é a favor da regulamentação da lei, destacou a reunião como positiva em função da possibilidade de ampliar as discussões: “Além da inclusão dos produtos derivados de mandioca na farinha de trigo, precisamos tratar da questão tributária, estocagem de produtos e esse encontro deve ser o início de algumas soluções para os problemas”, advertiu.

Segundo o delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA/MS) Gerson Faccina, o atual debate é similar a uma crise que houve em 2005 e repercutiu em esfera federal. “Se essa questão do percentual for aprovada aqui no Estado, pode novamente ganhar destaque em âmbito nacional e a aprovação da lei daria uma garantia permanente de mercado. Não seria apenas um socorro imediato, mas que vai dar segurança financeira de comércio a médio e longo prazo”, acredita.

Depois de mais de duas horas reunidos, a Comissão de Agricultura decidiu marcar uma Audiência Pública na Assembleia Legislativa para o dia 07 de maio às 14h com todos os representantes da cadeia produtiva da mandioca, na tentativa de esclarecer as sugestões e propostas apresentadas. “Convidaremos todos os órgãos de interesse do setor para participarem conosco deste novo debate, na expectativa de que seja decisivo”, finalizou Marcio Fernandes.

Segundo o secretário-executivo da Secretaria de Estado de Produção e Agricultura Familiar (SEPAF), Carlos Roberto Gonçalves, “Como em todo o país, a cultura da mandioca em nosso Estado também é cíclica, isto é, a cada 2 ou 3 anos sofre profundas modificações de aumento ou redução na área plantada. Este comportamento cíclico é causado pelo aumento ou pela redução dos preços. Por conta disso vem o excesso de produção e o preço diminui. Precisamos adotar medidas que ao longo dos anos minimizem os efeitos do preço alto e preço baixo, fazendo com o pequeno produtor tenha uma maior estabilidade de renda com relação à produção da mandioca”, descreve o secretário.

Participaram da reunião os deputados estaduais, Angelo Guerreiro, Beto Pereira e Eduardo Rocha.

Leia também

Edição Digital

Jornal A Gazeta – Edição de 28 de março de 2024

Clique aqui para acessar a edição digital do Jornal...

As Mais Lidas

MDB anuncia nesta sexta pré-candidatura de Sérgio Barbosa a prefeito em Amambai

Vilson Nascimento Um ato do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) previsto...

INSS suspende bloqueio de benefício por falta de prova de vida

O Ministério da Previdência Social decidiu que, até 31...

Portuguesa vence Náutico por 2 a 0 diante da torcida

Vitória do time rubro-verde de Mato Grosso do Sul!...

Temporal com vendaval e chuva forte derrubou várias árvores em Amambai

Vilson Nascimento Uma chuva forte acompanhada de vendaval derrubou árvores,...

Enquete