Aposentadoria tira de cena importantes líderes de MS

2015-01-31 18:22:00

Com a posse dos novos deputados estaduais, saem de cena importantes lideranças que fizeram história na política de Mato Grosso do Sul. A mais expressiva é Londres Machado (PR). Ele bateu recorde nacional exercendo onze mandatos consecutivos, sendo 44 anos de atividade na Assembleia Legislativa. Londres nunca perdeu eleição para deputado estadual. Mas quando desistiu de concorrer ao 12º mandato parlamentar para ser vice-governador, ficou fora com a derrota do senador Delcídio do Amaral (PT), candidato a governador. Ele abriu caminho para a filha, Grazielle Machado (PR).

Londres começou na política como deputado ainda quando o Estado de Mato Grosso não era dividido. Ele cumpriu o primeiro mandato no período de 1971 a 1974. Já no segundo mandato — 1975 a 1979 —, o jovem deputado foi eleito para primeiro secretário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Era o segundo cargo mais importante do Legislativo.

Com a instalação do Estado de Mato Grosso do Sul, em 1979, Londres presidiu a Assembleia Estadual Constituinte. Durante o período do exercício parlamentar, ele comandou ainda por sete vezes a Assembleia Legislativa. 

Londres se transformou no político mais influente de Mato Grosso do Sul, reconhecido como exímio articulador. Não era um parlamentar de tribuna, mas de intensa atividade nos bastidores.

O início da política de Mato Grosso do Sul, até então Estado caçula do Brasil, foi tenso com crises que derrubaram dois governadores. Londres não só testemunhou como teve de assumir o comando do Estado, na condição de presidente do Legislativo, por pequeno período até a escolha do novo chefe do Executivo.

O primeiro governador de Mato Grosso do Sul foi o engenheiro Harry Amorim Costa. Ele foi nomeado pelo presidente da República, general Ernesto Geisel, depois de as lideranças políticas não se entenderem. Harry mudou-se do Rio Grande do Sul para governar o novo Estado. Mas não resistiu à pressão política e caiu. Londres assumiu o governo por 17 dias — de 13 a 30 de junho de 1979.

Nesse período, o prefeito de Campo Grande, na época, Marcelo Miranda, foi escolhido para assumir o governo. Marcelo, também, foi derrubado por grupos políticos rivais do Estado. Mais uma vez Londres foi convocado para ocupar interinamente o cargo de governador — no período de 28 de outubro de 1980 a 7 de novembro de 1980. Ele foi substituído pelo então senador Pedro Pedrossian, nomeado pelo presidente da República, general João Baptista Figueiredo.

Outra liderança de expressão que deixou a política para ocupar o cargo vitalício de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado é o deputado Jerson Domingos (PMDB). Ele renunciou ao mandato parlamentar e a presidência da Assembleia Legislativa na semana passada para ser empossado no TCE.

Jerson exerceu quatro mandatos de deputado estadual. Ele presidiu a Assembleia Legislativa por oito anos consecutivos. Um fato histórico e inédito na política de Mato Grosso do Sul. Jerson só ficou atrás de Londres que presidiu o Legislativo por 14 anos alternadamente.

O deputado se transformou na maior liderança política pós-Londres na Assembleia Legislativa. Ele administrou a crise nos piores momentos da política de Mato Grosso do Sul em decorrência do escândalo de corrupção na Prefeitura de Dourados envolvendo o então primeiro-secretário, Ary Rigo (PSDB). Como presidente, lutou para defender o Legislativo. 

E na sua época de presidente, o governador André Puccinelli (PMDB) não enfrentou problemas políticos no Legislativo. Jerson segurou a pressão da oposição para garantir a governabilidade.

Outro deputado que ficou fora da política foi Antonio Carlos Arroyo (PR) depois de exercer sete mandatos consecutivos. Ele ocupa até hoje o cargo de primeiro secretário da Assembleia Legislativa. Arroyo não concorreu à reeleição para assumir vaga vitalícia de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. A sua indicação pelo então governador André Puccinelli (PMDB) foi aprovada por unanimidade pela Assembleia. Mas ainda não assumiu o cargo por decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.