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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Chávez compara Lula a Jesus e prega permanência no poder

2009-10-31 13:15:00

A aprovação da entrada da Venezuela no Mercosul pela Comissão de Relações Exteriores do Senado fez com que o venezuelano Hugo Chávez comparasse ontem o presidente Lula a Jesus Cristo, por chegar ao seu país trazendo a informação.

Aproveitando o embalo da boa notícia, Chávez, no poder desde 1999, ainda sugeriu que o brasileiro deveria permanecer no cargo, questionando por que alguém que desfruta de mais de 80% de aprovação precisa deixar o governo.

"Lula veio como Cristo anunciando o Evangelho. Só faltou o cabelo comprido. O Evangelho significa boa nova", disse o presidente venezuelano, no poder desde fevereiro de 1999.

Chávez -que, no passado, já criticou o Senado pela demora em votar o ingresso do país no Mercosul- agradeceu os senadores brasileiros pela aprovação na comissão, ocorrida anteontem, e afirmou acreditar que o Paraguai em breve também aprovará a entrada.

No Brasil, a incorporação do país ao bloco ainda tem de passar pelo plenário do Senado.
Em seu discurso, Lula comemorou a decisão do Congresso brasileiro afirmando que houve uma "quebra de preconceito".

"Acho que o gesto do Senado brasileiro, ontem, foi um gesto gratificante, porque foi a quebra do preconceito. (…) Penso que daqui a uma semana, ou daqui a dez dias, nós teremos definido esse processo e a Venezuela será cada vez mais Mercosul", disse Lula, que citou o depoimento do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, ao Senado brasileiro. Opositor de Chávez, Ledezma criticou duramente o governo da Venezuela, na ocasião, mas defendeu o ingresso do país.

"Isso foi extremamente importante. Certamente você [Chávez] conversou com ele antes, mas aqueles que queriam utilizar o prefeito como pretexto, não deu certo."

Caso se concretize, o ingresso da Venezuela no Mercosul não significará uma vitória pessoal nem fortalecerá seu poder, disse Chávez. "Isso não é o mais importante. A América do Sul se fortalece, você se fortalece, sobretudo os mais jovens."

Sobre a permanência de Lula no poder, Hugo Chávez pediu reflexão, questionando por que, se um presidente é bem avaliado, tem de deixar o cargo. Repetiu a indagação em relação à presidente do Chile, Michelle Bachelet, que goza de mais de 60% de aprovação no país. "Faço a pergunta para buscarem a resposta", disse.

A volta de Lula ao Brasil foi atrasada, já que o Airbus presidencial, apelidado de "Aerolula", apresentou defeito. A aeronave passou por reparos.

Convidada de honra

Na noite de anteontem, Chávez recebeu Lula e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) para um jantar em hotel a 2.240 metros de altitude. Dilma, que se manteve em segundo plano em quase todos os eventos da viagem e evitou dar entrevistas e ser fotografada, foi a convidada de honra do jantar.

No evento, ao qual a imprensa não teve acesso, Chávez levou um bolo para comemorar o aniversário de Lula, ocorrido na terça-feira. O venezuelano chegou a cometer uma gafe ao citar os "69 anos" do presidente brasileiro, que, na verdade, completou 64.

Ontem, o venezuelano disse acreditar que Dilma, com sua trajetória, será a próxima presidente do Brasil. Segundo ele, é uma mulher que tem a cabeça "bem ordenada". "Creio nisso, pode escrever. Não me meto nessas questões, mas é o que me diz esse coração", disse, batendo no próprio peito.

Questionado sobre a possibilidade de a oposição ganhar as eleições presidenciais de 2010, o presidente venezuelano mudou o tom da entrevista aos jornalistas brasileiros. Afirmou que não se mete em questões internas e que os brasileiros são soberanos e autônomos.

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