2009-06-12 07:19:00
O ex-governador Zeca do PT é o mais novo integrante da classe ruralista de Mato Grosso do Sul. Na segunda-feira, Zeca do PT se filiou ao Sindicato Rural Patronal de Dois Irmãos do Buriti, município de 10 mil habitantes localizado na região de Aquidauana.
Dono de duas propriedades rurais – uma de 50 hectares e outra de 145 hectares – em Dois Irmãos do Buriti, José Orcírio Miranda dos Santos utiliza as áreas para piscicultura e reflorestamento.
Segundo o blog de notícias políticas “Marco Eusébio In Blog”, a filiação de Zeca ocorreu durante a posse do ex-prefeito Osvane Ramos na presidência do Sindicato Rural, na segunda-feira de manhã em um salão de festas da cidade. Assim como Zeca, Osvane é produtor rural e filiado ao Partido dos Trabalhadores.
O ato contou com a presença do principal líder da classe ruralista de Mato Grosso do Sul na atualidade, o presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado), Ademar Silva Júnior. Também prestigiaram a posse de Osvane e a filiação de Zeca o atual prefeito de Dois Irmãos do Buriti, Vladimir Volk (PT), o “Japão”, além de sete dos nove vereadores e o deputado estadual petista Paulo Duarte.
EMBLEMÁTICO- A entrada de Zeca do PT em um sindicato ruralista desperta atenção pelo histórico de vida e político do ex-governador. O pai de Zeca, Orcírio dos Santos, foi capataz de uma das fazendas da família do ex-senador Lúdio Coelho. Já na política, após o tempo de militância no Sindicato dos Bancários, Zeca teve atuação marcada por entreveros com a classe ruralista.
Existe uma história de que na época em que era deputado estadual, Zeca do PT foi agredido durante operação de despejo de trabalhadores sem-terra, em Rio Brilhante. A área invadida seria uma das fazendas dos Coelho na região, segundo contam os moradores mais antigos do distrito de Prudêncio Thomaz, o antigo “Aroeira”.
Nos oito anos em que esteve à frente do governo do Estado, Zeca do PT teve grandes embates políticos com a classe ruralista. Acusado de proteger os trabalhadores sem-terra e de fazer vistas grossas às invasões por não mandar a polícia cumprir ordens de despejo, Zeca não poupava críticas aos fazendeiros. Em 2006, pouco tempo antes de concluir o segundo mandato, Zeca do PT disse que gostaria de ser ministro do Desenvolvimento Agrário do governo Lula para desapropriar latifúndios.
“Eu só aceitaria ser ministro se fosse para ser ministro da Reforma Agrária para desapropriar terra dos latifundiários como a família Coelho”, disse Zeca do PT em discurso a militantes do PT, no
Horto Florestal de Campo Grande, no dia 16 de setembro de 2006.
Atualmente, além de cuidar das propriedades em Dois Irmãos do Buriti, Zeca do PT percorre os municípios de Mato Grosso do Sul em busca de apoio para ser candidato a governador em 2010.
No fim de semana passado, almoçou em Dourados com o vice-governador Murilo Zauith (DEM) e o convidou para ser candidato a senador em seu palanque no ano que vem. Murilo gostou do convite e disse que Zeca foi o primeiro a oferecer uma vaga na chapa majoritária para Dourados. Já o governador André Puccinelli (PMDB), arqui-inimigo político de Zeca, criticou, indiretamente, a aproximação: “Diga-me com quem tu andas, e direi quem tu és. Eu não andaria com o ex-governador”, disparou.
