2008-10-15 13:24:00
Adolescentes, menores de idade, cada vez mais aparecem à frente de grandes traficantes. Mulas do tráfico, eles aceitam movimentar milhões de reais, transportar quilos de drogas e correr riscos desconhecidos em troca de droga à vontade e um pouco de dinheiro para sobreviver.
O que elas não entendem, é que dentro do esquema do tráfico, são descartáveis. Depois de um tempo, quando servem mais para o trabalho, chegam a ser executadas. E os traficantes, diante desse anonimato, arriscam grandes cargas nas mãos dessas crianças.
Ontem, uma jovem de 16 anos foi presa pela Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc) com uma das maiores quantidades de cocaína jamais apreendidas em Curitiba. Oito quilos, que poderiam render meio milhão de reais.
Em interrogatório, a garota confessou que trabalhava para traficantes de São Paulo distribuindo droga em Curitiba e, em troca, tinha droga e dinheiro para sobreviver.
“Esses menores têm sido utilizados com freqüência pelos traficantes porque são peças descartáveis, o elo mais fraco e mais fácil de ser substituído.
São pessoas inconseqüentes, que não sabem onde estão se metendo, e muitas vezes acabam pagando com a própria vida por saberem demais ou simplesmente porque não servem mais para o trabalho”, disse o delegado-chefe do Núcleo de Repressão ao Tráfico de Drogas, Rodrigo Brown de Oliveira.
Conforme explica o delegado, jovens que trabalham como mulas são apenas a ponta de uma estrutura de marginais de altíssimo porte.
Esses jovens, que trabalham com grande quantidade de droga, são responsáveis por distribuir o entorpecente para traficantes da região onde atuam. Recebem o dinheiro e mensalmente depositam na conta dos grandes traficantes. E sabem que, se não o fizerem, pode morrer, explica o delegado.
“Apesar de depositarem tanta droga e dinheiro nas mãos desses jovens, ainda assim o risco vale a pena, justamente por serem descartáveis.
Sua única preocupação é ter droga para usar, dinheiro para sobreviver e um status na região. Eles não tem noção nenhuma do valor da droga e do futuro deles”, diz Braun.