2017-10-20 11:49:00
Além de exonerar 10 ministros – oito nesta sexta-feira (20) – o governo e parlamentares da base aliada se articulam para barrar o prosseguimento para o Supremo Tribunal Federal (STF) da segunda denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer.
As medidas envolvem manobras que resultaram na rejeição do processo pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, na quarta-feira (18), como anúncio de medidas polêmicas, esforço para liberação de emendas parlamentares e reuniões com deputados.
Até uma articulação para salvar o senador Aécio Neves (PSDB-SP), que teve o afastamento de seu mandato revertido pelo plenário do Senado, entrou na estratégia de Temer. O objetivo do governo é obter ao menos 263 votos favoráveis, mesmo número da primeira denúncia.
Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) também foram denunciados no processo. A palavra final sobre o prosseguimento ou não da denúncia para o Supremo Tribunal Federal (STF) cabe ao plenário da Câmara. A votação deve ocorrer na próxima quarta-feira (25), de acordo com o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Estratégias
Veja abaixo as principais estratégias adotadas pelo governo para tentar impedir a aprovação pela Câmara da segunda denúncia da PGR contra o presidente Michel Temer:
- Manobras para manter o relator na CCJ
A escolha do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) gerou mal-estar na bancada de seu partido, dividido sobre o apoio a Temer.
De acordo com o colunista do G1 Gerson Camarotti, Andrada disse que Temer lhe pediu para aceitar a relatoria, e o presidente teve participação direta na escolha.
O PSDB retirou Andrada da vaga de suplente do partido na CCJ, o que impossibilitaria que ele fosse o relator. Em uma manobra, o PSC cedeu uma de suas vagas de suplente a Andrada, permitindo que ele fizesse o relatório.
De acordo com o Blog de Andréia Sadi, o ministro Eliseu Padilha e o líder do governo fizeram a articulação para manter Bonifácio na CCJ, e Temer recebeu o presidente do PSC no Planalto para agradecer a concessão da vaga.
Interlocutores afirmaram, ainda, que Andrada era tratado no Planalto como “nosso relator” – ele apresentou um parecer contrário à denúncia.