2017-07-06 07:23:00
A senadora Gleisi Hoffmann (PR) tomou posse oficialmente como presidente nacional do PT nesta quarta-feira (5) em Brasília. Ela ficará à frente da legenda até 2019.
Também tomaram posse os demais membros do diretório nacional do PT. A maior parte deles é integrante da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), da qual Gleisi e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fazem parte.
Entre os dirigentes que tomaram posse nesta quarta, estão Alberto Cantalice, vice-presidente e secretário de comunicação do partido, e os deputados José Guimarães (CE) e Paulo Teixeira (SP), como vice-presidentes nos seus respectivos estados.
Gleisi, que é ré na Lava Jato acusada de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, foi eleita durante convenção nacional do PT, realizado no último dia 3 de junho, com 61% dos votos.
Ela superou Lindbergh Farias (RJ), que ficou com 38% dos votos. A partir da data, a parlamentar paranaense passou a responder pelo maior partido de esquerda no país.
No evento, que contou com participação dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, vários petistas fizeram discursos contra o presidente Michel Temer e em defesa de eleições diretas ainda neste ano.
Dirigentes petistas e militantes também entoaram cânticos de apoio a Lula. Eles afirmaram que o petista é vítima de perseguição política. Uma mensagem de apoio do ex-ministro José Dirceu, condenado na Lava Jato, foi lida no evento.
Os petistas também fizeram críticas à reforma trabalhista que deve ser votada pelo Senado na próxima terça-feira (11).
Discursos
Durante o evento, a ex-presidente Dilma Rousseff afirmou aos militantes do PT que a história está sendo, na visão dela, "severa e implacável" com quem ela chamou de "líderes do golpe", entre os quais o presidente Michel Temer (PMDB), o senador Aécio Neves (PSDB) e o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Desde 2015, quando Cunha, então presidente da Câmara dos Deputados, aceitou o pedido de impeachment de Dilma, ela, parlamentares aliados e movimentos sociais passaram a defender que a cassação do mandato foi um "golpe".
"Sobre o fato de que o impeachment era um golpe, se era especulação, hoje é fato, é fato que houve golpe e o arranjo que sustentou esse golpe caminha a passos largos", afirmou a ex-presidente.
Em seguida, Gleisi Hoffmann, já como presidente, afirmou que assume a legenda com "espírito de luta".
"Para defender o nosso partido, mas principalmente para defender o presidente Lula, não vamos descansar nenhum minuto de fazer a defesa dele. Não pensem que uma sentença de um juiz de primeiro grau vai deixar uma eleição sem Lula. Uma eleição sem lula não é eleição, é fraude", afirmou.
Na sequência, a nova presidente do PT disse que Lula é o candidato dos que querem que o Brasil seja "reconstruído".
Último a discursar, o ex-presidente Lula aproveitou a fala aos militantes do PT para criticar as reformas trabalhista e da Previdência enviadas pelo governo Michel Temer ao Congresso Nacional.
"Tudo que construímos, o direito de greve, as conquistas sociais no trabalho, eles estão desmontando com a maior desfaçatez", disse. "Não podemos aceitar que façam o ajuste em cima daqueles que são as maiores vítimas dos erros do governo: os trabalhadores" acrescentou o ex-presidente.
Lula, na sequência, afirmou que "ninguém" mais que os petistas quer o afastamento de Temer (denunciado pelo Ministério Público pelo crime de corrupção passiva).
Ao concluir o discurso, Lula, sem citar a força-tarefa da Lava Jato, fez críticas à operação na qual é réu e alvo de investigações.
"Não admito que alguém diga que o PT é contra o combate à corrupção. Somos contra é que o combate à corrupção deixe de apurar corrupção e faça pirotecnia para pegar a política deste país. Com meia dúzia de pessoas achando que são donas da verdade", completou.