2007-06-28 14:30:37
A “Operação Sabinas”, desencadeada nesta quinta-feira pela Polícia Federal, prendeu dez pessoas envolvidas com a prática de crimes de tráfico internacional de pessoas, rufianismo, casa de prostituição, formação de quadrilha e tráfico de drogas em Mato Grosso do Sul, São Paulo e Maranhão. Em Campo Grande foram presos a advogada Rose Mari Lima Rizzo, Luciana Santos Machado, Vilma dos Santos Machado e Mário Márcio Neres Dias, enquanto em Dourados foram presas Luiza Mara Rodrigues e Giovana Francine Ramos.
No Estado de São Paulo foram presos Cristiana Fernandes Pinheiro, Maria Dalva Basílio de Jesus e Genival da Silva Miranda, enquanto no Maranhão foi presa Maria do Perpétuo Socorro Freitas Silvas. Ao todo, a operação, que teve a participação de 70 policiais federais, cumpriu em Mato Grosso do Sul sete mandados de busca e apreensão e cinco mandados de prisão, enquanto em São Paulo foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão e no Maranhão foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão.
Inquérito instaurado no mês de fevereiro deste ano pela PF de Mato Grosso do Sul constatou que a quadrilha faturava cerca de R$ 1 milhão por mês. Na atividade de aliciamento de pessoas para o tráfico internacional de seres humanos, neste caso específico de mulheres para fins de prostituição na Espanha, constatou-se que a quadrilha age em três fases distintas: recrutamento, viabilização de viagem e exploração sexual.
Para coleta de provas a PF utilizou-se de interceptações telefônicas, filmagens, fotos, relatórios de vigilância, comprovantes de emissão de passagens entre outros meios legais. O comando da quadrilha ficava em São Paulo (SP) e, segundo o delegado federal José Otacílio Dela Pace Alves, pelo menos 60 mulheres foram aliciadas no Paraguai, Brasil, países da África e outros não revelados, sendo que apenas no Brasil foram 30 mulheres e aproximadamente 20 de Mato Grosso do Sul.
No Estado, a advogado Rose Mari Lima Rizzo intermediava os documento para que as mulheres fossem se prostituir na Espanha. Segundo o delegado, algumas garotas não sabiam que iriam se prostituir, pensavam que iam como dançarinas. “Na Espanha foram presas cinco pessoas, entre elas o espanhol Aldo Insalato, dono da casa de prostituição para onde eram levadas as mulheres”, informou, revelando que a idade delas variava de 19 a 21 anos.
Cada mulher rendia R$ 20 mil por mês aos aliciadores, sendo que o montante inclui os programas e consumo de bebidas nas boates pelos clientes. “Muitas foram vítimas de espaçamento nessas boates e consumiram drogas, sendo que 90% dos entorpecentes eram cocaína”, revelou o delegado, explicando que os aliciadores enviavam fotos das garotas para a Espanha para que fossem aprovadas ou não pelo dono da boate.
Ele informou ainda que Genival da Silva Miranda era funcionário de uma agência de turismo em São Paulo e foi preso por estar ciente do esquema, pois vendias as passagens aéreas para as garotas que iriam para a Espanha. Ainda conforme o delegado, a quadrilha iria começar a agenciar garotos, mas não há informação de que já teriam começado.
O Brasil foi um dos países signatários da Convenção de Palermo de 2000, na qual, entre outras providências, há o comprometimento dos países participantes em combater o tráfico internacional de pessoas. Portanto, compete à Justiça Federal o processamento de tal crime. Será efetivada a cooperação internacional com a Espanha, no sentido de providenciar a identificação dos espanhóis pertencentes a organização criminosa, bem como para obter a deportação das brasileiras já identificadas como pessoas exploradas sexualmente na Espanha.