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quinta-feira, 28 de março de 2024

Matança em Manaus pode ter ligação com morte de Jorge Rafaat

2017-01-04 12:20:00

A rebelião que terminou com 56 mortos, muitos deles decapitados, em uma rebelião que durou 17h em Manaus (AM) e vista como uma guerra entre o PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho), pode ter como pano de fundo a morte do narcotraficante Jorge Rafaat Toumani, durante uma emboscada em junho de 2016, em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz divisa com Mato Grosso do Sul.

 

As informações são do site G1, divulgadas na tarde de terça-feira (03), após serem ouvidos especialistas e integrantes do Ministério Público e das polícias.

 

Rafaat era considerado um dos barões do tráfico internacional de drogas e armas na fronteira e informes obtidos pela polícia apontariam atuação do PCC no ataque que vitimou o narcotraficante.

 

Outro ponto levantado e que pode ter ocasionado o massacre, seria o rompimento bilateral das facções após apoio do CV a grupos rivais do PCC em vários estados.

 

A ruptura da parceria entre as facções que comandam o tráfico de drogas no Rio de Janeiro, o Comando Vermelho e em São Paulo, o Primeiro Comando da Capital, que seguem na disputa pelo controle do comércio nacional de entorpecentes seria o principal motivo que levou a facção Família do Norte (FDN) a matar 56 detentos supostamente membros do PCC no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, na capital amazonense, segundo os especialistas.

 

No material consta que segundo o Ministério Público, o PCC tem hoje no país 29 mil batizados (pessoas que praticam o crime como formais integrantes da facção), sendo 22 mil deles fora do estado de São Paulo. Já o Comando Vermelho tem 16 mil fora do Rio.

 

Em outubro, o MP apreendeu com detentos um "salve" (espécie de ordem para os integrantes da facção) em que a liderança do PCC ordenava uma guerra contra integrantes do CV. Em seguida, em dezembro, o PCC tomou a comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, tornando-se rival direta no comércio de drogas do Comando Vermelho.

 

A FDN seria a terceira maior facção nacional, especialistas apontam que ela possui um número menor de integrantes que o PCC e o CV, mas não souberam apontar o número exato de batizados.

 

Rebelião

Durante uma rebelião presos do FDN, braço do CV no Norte do país invadiram uma ala em que ficavam detentos do PCC. O resultado foram corpos esquartejados, decapitados, e com olhos, corações e vísceras arrancados, jogados em carrinhos de levar comida e queimados. Mais 112 presos fugiram antes da rendição dos detentos que pôs fim à rebelião – 54 já foram recapturados.

 

O secretário de segurança pública, Sérgio Fontes, em Manaus, afirmou ter visto "pilhas de corpos" no presídio e que os mortos eram integrantes do PCC. Para ele, o sistema prisional está sob controle.

 

Também em Manaus, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse ser um erro achar que, de uma forma simplista, que esse massacre e essas rebeliões são apenas guerra entre facções e que mais da metade dos mortos não tinha ligação com nenhuma facção.

 

O promotor Lincoln Gakiya, através de investigação é responsável em monitorar o PCC em São Paulo, disse ao G1 que o massacre era esperado e previsto pelos órgãos de inteligência brasileiros devido ao avanço do PCC no Norte do país.

 

Segundo ele, o PCC tem o mesmo número de integrantes que o rival (CV junto com o FDN) no Amazonas e a recente onda de rebeliões envolvendo disputas entre as duas facções em presídios do Norte, eram o prenúncio de que algo estava para acontecer.

 

Em outubro, as facções se enfrentaram em três ocasiões durante rebeliões no Norte. Os motins deixaram 10 mortos em Boa Vista (RR), 8 mortos em Porto Velho (RO) e 4 feridos em Rio Branco (AC). Após os casos de Rondônia e Roraima, o ministro da Justiça avaliou que as ações se tratavam de "uma situação pontual".

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