32.8 C
Amambai
quinta-feira, 25 de abril de 2024

Periscópio “Sempre de ressaca” – por Antonio Luiz

2007-08-17 11:17:00

Sempre de ressaca

              O Ministério da Saúde lançou a campanha de prevenção dos riscos do consumo de bebidas alcoólicas. As peças publicitárias vão ser divulgadas na TV e no rádio e têm como alvo principal os jovens e adolescentes. A idéia inicial é de limitar o horário da propaganda por meio de uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

              A campanha tem como argumento números do Ministério da Saúde, o consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes de 12 a 17 anos cresceu de 48% em 2001 para 54,3% em 2005. O álcool está relacionado a 61% dos acidentes de trânsito e a 52% dos casos de violência doméstica em todo o país. Como todos sabem desde criancinha, “o exemplo vem de cima”.

              Seria cômico se não fosse ridículo o fato de que é público e notório o consumo, nem sempre moderado, de bebidas alcoólicas por parte do presidente da República, sendo com freqüência fotografado com a expressão alterada pela bebida. Ele, agora mesmo na Jamaica, mais uma vez demonstrando toda a sua incontinência verbal enalteceu o consumo da cachaça, além disso foi deselegante com o governador geral do país professor Kenneth O. Hall, haja vista que a cachaça é concorrente de um dos maiores itens de exportação daquele país, o apreciado Rum da Jamaica.

              Está certo que Lula falou com propriedade e segurança sobre algo que domina muito bem: a cachaça brasileira. Afirmou na Jamaica que, “o dia em que o mundo experimentar a boa cachaça brasileira, o uísque vai perder mercado”

              Mas o ministro da Saúde José Gomes Temporão diz que não há incoerência entre a campanha e o que o presidente expele: “Lá estamos vendendo um produto para exportação. Aqui queremos chamar a atenção para o consumo abusivo. A bebida é socialmente aceitável e pode até ser motivo de alegria e de prazer”. Ou seja, ele botou o “galho dentro” e tentou minimizar o fato de ter “falado de corda em casa de enforcado”, ainda mais sendo o enforcado seu chefão.

              A viagem do presidente à América Central não poderia ser um fiasco maior. Nada que se aproveitasse, exceto a ótima trova de um cidadão indignado postada num blog na internet

              “Na primeira vez errou o nome do presidente, acertou o país e elogiou a cachaça.

              Na segunda, errou o nome do presidente, acertou a cachaça e elogiou o país.

              Na terceira, acertou o nome do conhaque Presidente, errou o presidente e bebeu a cachaça…..É dose, viu !!!!! E haja doses…..”

              Nunca antes nestepaiz tivemos um presidente que entendesse tanto de álcool e vivesse de ressaca.

 O bom exemplo – O ex-presidente da República Itamar Franco é tido como um político canhestro e eu mesmo cansei de criticá-lo por ser um homem rancoroso e mau humorado. Mas Itamar é um homem íntegro, uma raridade atualmente entre os políticos .

              Lembrei-me de dois fatos que hoje são raras preciosidades nos Poderes da República:

              No primeiro Itamar Franco enfrentou nada mais nada menos que a ira de Antonio Carlos Magalhães, ignorando sua malvadeza quando Itamar nomeou ministro Jutahy Júnior inimigo de ACM, este gritou que tinha um dossiê de provas de corrupção no governo.

              Itamar pediu-lhe o dossiê. À frente de uma tropa, ACM atravessou a Praça dos Três Poderes, com a sua peculiar arrogância, segurando uma pasta cor-de-rosa com seu propalado e temível dossiê, mas ao entrar no gabinete presidencial, encontrou toda a imprensa lá dentro. Pediu que os jornalistas saíssem, mas Itamar objetou e sugeriu que mostrasse o dossiê à vista da imprensa. ACM não tinha nenhum dossiê consistente. Deu uma desculpa e saiu com as orelhas baixas e o rabo entre as pernas.

              Algum tempo depois,  levantaram-se suspeitas sobre a integridade de seu ministro chefe da Casa Civil Henrique Hargreaves, este percebeu que não poderia constranger o presidente, de quem era ministro e também amigo há décadas, permanecendo no cargo, sob suspeita, enquanto uma CPI investigava se ele havia ou não praticado ladroeira.

              Diante disso, Hargreaves seguiu o recomendado pelos bons costumes republicanos e fez o que deveria fazer: apresentou sua demissão ao presidente da República, que imediatamente aceitou e foi para casa aguardar as apurações.

              Em fevereiro de 1994, a CPI dos Anões do Orçamento inocentou-o das acusações. Só então, decorridos quatro meses fora do governo, e a convite do presidente Itamar, o ministro voltou ao cargo.

              Lamentável  que o atual presidente não tem a capacidade, a coragem e a vontade de seguir esses exemplos.

Leia também

Edição Digital

Jornal A Gazeta – Edição de 25 de abril de 2024

Clique aqui para acessar a edição digital do Jornal...

As Mais Lidas

Nota de falecimento de Leon Conde Sangueza, o “Bolívia”

Comunicamos com pesar o falecimento nesse domingo, dia 21...

Portuguesa vence Náutico por 2 a 0 diante da torcida

Vitória do time rubro-verde de Mato Grosso do Sul!...

Polícia Civil apura morte de menina de 8 anos em Amambai

Vilson Nascimento A Polícia Civil local trabalha para apurar as...

Semifinais do Intervilas de Suíço 2024 acontecem nesta quarta-feira em Amambai

Vilson Nascimento Estão previstas para acontecer na noite desta quarta-feira,...

Nota de falecimento de Janaína Rodrigues Aquino

Comunicamos com pesar o falecimento nesse sábado, dia 20...

Enquete