20 C
Amambai
sexta-feira, 29 de março de 2024

Editorial “Banco Santos” por Clesio Ribeiro

2007-05-25 17:16:00

            É um absurdo a dívida que o município de Amambai tem com o “Banco Santos”. Foi uma irresponsabilidade dos mandatários políticos da época, que tinham à frente o então prefeito Nestor Tagliari. Independente dos motivos financeiros que levaram o município a contrair o empréstimo, as taxas de juros eram abusivas e não poderia jamais ser autorizado pela Câmara de Vereadores. Qualquer cidadão, com o mínimo de senso econômico, sabe que não se pode contrair um empréstimo a longo prazo com taxas acima de 3%. É loucura, principalmente se há o risco de não honrar os pagamentos, gerando multa e juro sobre juro. Foi uma irresponsabilidade muito grande dos nossos ex-governantes e nós, hoje, estamos pagando muito caro.


            Falar daquela administração não é difícil para quem viveu aquela época. O Jornal A Gazeta foi fundado em 1994 e acompanhou parte daquele período político e administrativo do município. A administração municipal estava mal gerida, tanto que encerrou o mandato conturbado, deixando sete folhas de pagamento atrasadas, dívidas com fornecedores e o município em total descrédito. O prefeito posterior à crise, todos sabem, foi Dirceu Lanzarini.


            Qualquer dívida com juro de 5% ao mês como era a do Banco Santos (mais ou menos),  praticamente dobra em um ano se não for quitada nenhuma parcela. O que nos leva a entender que seria normal em 1999 a dívida já estar passando de R$ 2 milhões, como foi o saldo da negociação feita pelo prefeito da época, totalizando R$ 2.398.812,55. E analisando os documentos contratuais de 1999, vê-se que o juro da dívida que era de 5% caiu para perto de 1% ao mês na negociação feita, o que nos faz crer que foi uma negociação razoável do ponto de vista monetário.


            O que complicou ainda mais a situação foi o não pagamento mensal desde então, sequer dos juros originados da dívida. Atualmente, conforme informações da prefeitura, a dívida passa de R$ 4 milhões de reais e mensalmente a prefeitura paga em torno de R$ 40 mil reais, o que mal cobre os juros da dívida, levando a uma crescente bola de neve. O prazo para o pagamento final do acordo da dívida será em 2029, mas certamente, a seguir esse sistema de pagamento, não será quitada na data, o que já está previsto inclusive no acordo firmado, onde prevê-se que, caso não seja quitada a dívida em 2029, o saldo devedor poderá ser prorrogado para mais 120 meses.


            A atual administração municipal está preocupada com a situação e contratou uma equipe técnica para fazer uma auditoria nas contas. Dados preliminares anunciam que o município já teria saldado a dívida e inclusive teria saldo a ser devolvido. Todos nós torcemos que esse trabalho obtenha êxito. Mas fica para nós a lição de que quando elegemos políticos irresponsáveis, mal gerenciadores e mal intencionados, corremos o risco de comprometer as nossas futuras gerações, como foi nesse caso. O município de Amambai está refém do sistema financeiro bancário,  que não perdoa. Só ganha!

Leia também

Edição Digital

Jornal A Gazeta – Edição de 29 de março de 2024

Clique aqui para acessar a edição digital do Jornal...

As Mais Lidas

INSS suspende bloqueio de benefício por falta de prova de vida

O Ministério da Previdência Social decidiu que, até 31...

MDB anuncia nesta sexta pré-candidatura de Sérgio Barbosa a prefeito em Amambai

Vilson Nascimento Um ato do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) previsto...

Portuguesa vence Náutico por 2 a 0 diante da torcida

Vitória do time rubro-verde de Mato Grosso do Sul!...

Enquete