2006-12-15 08:20:00
A Câmara de Amambai aprovou o orçamento do município para 2007 em R$ 43 milhões. Uma previsão significativa de aumento em relação ao ano que está encerrando que foi de R$ 32 milhões. É lógico que isso é apenas uma previsão orçamentária levando-se em conta o número de emendas parlamentares que virão para cá, mas prevê-se que haverá aumento de receita. Apesar dessa previsão otimista, o comércio não vive um bom momento e o agro-negócio espera que o ano que vem seja de recuperação.
O presidente da Câmara, vereador Gilmar Vicentin, salienta que o aumento previsto da receita orçamentária para a prefeitura em 2007, deve-se a várias emendas parlamentares que estão sendo colocadas no orçamento de 2007. Mas um outro fator merece uma análise mais profunda de economistas e contabilistas. Se a arrecadação do município está aumentando, por que vivemos uma crise econômica?
Pois bem, uma análise estatística e contábil do assunto seria de um interesse muito grande para os leitores da Gazeta. Mas como não temos, trocamos algumas análises com vários comerciantes da cidade e a conclusão que se chega é que uma grande parte do dinheiro que circula na cidade acaba ficando apenas com as instituições financeiras. Longe de querer transparecer alguma culpa às instituições bancárias, mas o que cabe aqui é uma análise de comportamento econômico, onde a maioria das pessoas está com déficit financeiro, devendo prestações em lojas e, principalmente, pagando prestações de financiamentos contraídos.
Em pouco mais de dois anos e meio do serviço, o volume de operações de empréstimos consignados no Estado saltou de 1,7 mil em setembro de 2004 para 119,1 mil em setembro deste ano, passando de R$ 5 milhões para R$ 165,8 milhões neste período. Outro dado interessante é que dos 19 milhões de aposentados em todo o País, 6 milhões já recorreram a empréstimos, comprometendo assim boa parte da sua renda mensal. E a maioria desses empréstimos é para pessoas que recebem menos de R$ 350 por mês, com prazos longos, e enfrentam dificuldades para saldarem a dívida.
Talvez essa situação explica por que a arrecadação do município está crescendo, conforme projeto do Executivo aprovado pela Câmara para 2007, e o comércio não comemora bons resultados nas suas vendas. A febre dos financiamentos, num primeiro momento aqueceu o comércio, mas a longo prazo transforma a população num contingente de endividados que não pode comprar mais até que salde a dívida contraída.