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sexta-feira, 29 de março de 2024

Periscópio – Antonio Luiz

2006-12-15 08:05:00

Assisti, essa semana, uma entrevista do Dr. Roberto Busato, presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, em que ele criticava o Regime Disciplinar Diferenciado. Esse regime é aquele que isola completamente os criminosos perigosos em celas especiais e com tratamento mais rigoroso. É um assunto polêmico, pois cada qual tem a sua maneira de encarar essas coisas. Ele, o Dr. Busato, evidentemente defende que os direitos humanos dos presos devam ser preservados, mesmo quando o direito das vitimas tenham sido vilipendiados. Não se trata de aplicar a Lei de Talião, aquela do "olho por olho…", mas que haja um mínimo de Justiça ou menos impunidade. Como queiram. O eminente advogado defende a ressocialização do preso, sou seja, reintegrá-lo novamente à sociedade. Será isso possível? Eu até hoje não sei se sou a favor ou contra a pena de morte. É um tema delicado e até evito pensar muito, pois sempre me vejo em situações conflituosas.


Ainda nessa semana, nós brasileiros tomamos conhecimento de um crime bárbaro praticado em Bragança Paulista, em que ladrões queimaram vivos um casal e seu filhinho de 5 anos. Gente trabalhadora e absolutamente inocente. Será que os crápulas que cometeram essa monstruosidade merecem ser ressocializados? Conseguirão se tornar cidadãos exemplares?


O ex-dono do Banco Santos, Edemar Cid Ferreira que deu um desfalque de bilhões foi condenado a 21 anos de prisão em regime fechado. Preso e algemado essa semana, duvido que ele cumpra a pena. Já vi o Jader Barbalho algemado e hoje ele é o melhor amigo de infância do presidente da República com direito a indicar ministro de Estado. São os ricos, aqueles que podem pagar por privilégios.


Enquanto disparates são cometidos, dificilmente os brasileiros terão orgulho de suas Leis, ou, pelo menos, de sua aplicabilidade. Lembram-se daquela moça, a Angélica? Pois é para a doméstica Angélica, 19 anos, a Justiça é mesmo cega – e injusta! Pobre e desempregada, foi presa e condenada por furtar uma lata de manteiga. Sua história, como a de milhões de brasileiros, é a seguinte: num supermercado, compelida pela fome, colocou no boné um pote de manteiga, foi vista pelos seguranças que chamaram a polícia e ela foi levada para "cadeião" de Pinheiros, onde ficou presa por 128 dias esperando o julgamento. Nesse período ela viu traficantes e homicidas que entravam e saiam antes dela. Não conseguia entender essa cruel desigualdade.


Ela já era órfã de pai, que morreu há 7 anos de leptospirose, doença provocada pela urina dos ratos e que atinge às pessoas obrigadas viverem na promiscuidade da miséria. Enquanto estava presa no "cadeião" morreu sua mãe de insuficiência respiratória.


Perdeu a guarda do filho de 2 anos e agora pensa somente em trabalhar, mas encontra dificuldades em arrumar um emprego por causa de seus antecedentes.


Mais uma vítima da pobreza segundo texto de André Petry. "Essa atende pelo nome de Daniele Toledo do Prado e tem 21 anos, não tentou furtar nada, sua filha Victória de 1 ano e 3 meses durante 4 meses foi levada ao Hospital Universitário de Taubaté com uma doença que médico algum conseguiu diagnosticar. Na última vez, depois de 7 horas de espera para que lhe fosse aplicada o soro, conseguiu uma vaga na UTI quando a criança teve a segunda parada cardíaca. A paciente morreu, sem medo de errar pode-se dizer que foi por deficiência e negligência do serviço de saúde. Mas foi aí que começou o drama. Uma enfermeira acusou Daniele de ter posto cocaína no leite da mamadeira, foi presa, ofendida pelos policiais que lhe diziam: "chora vagabunda". Foi transferida para a penitenciária de Tremembé, por mais de 4 horas foi espancada violentamente por 18 companheiras de cela que sabiam da morte de Victoria, teve fratura na mandíbula e enfiaram-lhe uma caneta no ouvido. O inferno durou 37 dias, quando o núcleo de toxicologia do Instituto Médico Legal que havia anteriormente confirmado a cocaína, concluiu que se enganara, era uma sustância similar". O diretor do IML de São Paulo Hideaki Kawata que levou um mês para perceber o engano teve a desfaçatez de declarar "Essa coitada deu muito azar", claro, não eram nem a filha nem a mulher deste bastardo.
Por onde anda o tal "Pai dos Pobres"? Arquitetando mensalões ou dossiês?


Parabéns à nossa ágil, destemida e corajosa Justiça…
Os legítimos ladrões, poderosos, cínicos e engravatados, continuam soltos, debochando das frágeis leis e da nossa cara. Difícil ter orgulho de ser brasileiro… Um país cujo presidente é o pior dos exemplos.
Que se dane o brasileiro sem dinheiro. Seus filhos que morram de fome. Bem feito para nós!

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