2007-01-20 13:15:00
Há um ditado popular que diz: "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura". O significado é simples: a insistência de um ato por tempo ilimitado, leva a uma conseqüência prevista, no final aceitável, mesmo que perniciosa, mas que pode ser impedida, desde que no início.
O fato acima tem acontecido com a consciência do povo brasileiro que, não obstante as barbaridades observadas no ano que se finda (ainda bem que esta no fim!), na esfera dos poderes da república, as aceitou, no início com alguns atos isolados de perplexidade, depois com certo inconformismo, e no final, com a aceitação, pura e simples! Estou me referindo aos intermináveis escândalos com os quais fomos brindados pelos nossos políticos, como os sanguessugas, mensalão, dossiê, ambulâncias, e outros mais. Não bastassem todos estes, temos agora, bem no final, o escândalo do aumento dos salários dos "nobres representantes do povo". Aumentozinho básico de noventa e poucos por cento, contra um aumento do salário mínimo de quatro por cento!
Você, como eu, se indignou. Até comentou com os amigos esta barbaridade. Xingou os políticos. Chamou-os de irresponsáveis! Interesseiros, que só pensam em si! Sem-vergonha na cara! E por aí afora. Mas, e daí?
No final, a tua consciência, como a minha, está cauterizada. Nada mais nos atinge. Nada mais nos comove. Nada mais nos faz agir. No máximo nos indignamos. Mas não reagimos.
Fiquei muito triste quando vi, na televisão, uma senhora em frente à Assembléia gaúcha, sozinha, batendo uma panela em protesto ao aumento dos salários dos "nobres representantes do povo". Sozinha! Quando o repórter a entrevistou, ela disse que era preciso protestar, que não era possível aceitar essa afronta sem protestar. Ela estava certa. Nós estamos errados quando nos calamos e aceitamos as coisas passivamente, sem uma reação, pacífica como a daquela senhora, mas uma reação que leva à reflexão.
Queira Deus que 2007 seja um ano diferente, com boa colheita, boi no pasto, preço justo, comércio ativo, muita saúde, mas principalmente, que nossos representantes, em todas as esferas, tenham um mínimo de sensibilidade do que significa o cargo que desempenham, e que nós, seus patrões, tenhamos consciência do nosso poder e obrigação de nos insurgirmos contra qualquer tentativa de desmando e desrespeito ao nosso voto.
Alberto Eduardo Rings
Eng. Agron.
Sócio do Sindicato Rural de Amambai