2011-05-06 13:15:00
Apresentada ontem em audiência da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, a pesquisa Mapa da Violência 2011, elaborada pelo Instituto Sangari, aponta que os crimes no Brasil são praticados principalmente contra jovens negros.
Segundo o diretor de Pesquisa do Sangari, sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, 73,6% das mortes entre jovens são provocadas pelas chamadas causas externas (homicídios, acidentes ou suicídio), com destaque para os homicídios (39,7% do total de mortes).
“A história da violência no Brasil é a história de extermínio da sua juventude.” As mortes por essas razões nas demais faixas etárias não passam de 9,9%.
A juventude é definida no mapa como o período entre 15 e 24 anos de idade, conforme a Organização das Nações Unidas (ONU). Para o governo brasileiro, são pessoas de 15 a 29 anos.
De acordo com dados do mapa, a taxa de homicídios para cada 100 mil habitantes em 2008 foi de 26,4 para a população em geral, e 50 para jovens.
“Mais de 10 homicídios para cada 100 mil habitantes significa epidemia de violência.
Todos os estados do Brasil estão em situação epidêmica”, afirmou Júlio Jacobo.
Segundo o sociólogo, nos últimos anos houve uma disseminação da violência para fora dos grandes centros urbanos e uma interiorização do problema.
Em 2002, 30 em cada 100 mil negros foram assassinados, e o número subiu para 33,6 em 2008. Entre a população branca, os homicídios caíram de 20,6 por 100 mil, para 15,9.
Entre os jovens brancos, a taxa teve queda de 30% (de 39,3 para 30,2 por 100 mil) de 2002 a 2008; já entre os jovens negros houve aumento de 13% (de 62,4 para 70,6) no mesmo período.
Negligência – Para o secretário-executivo da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, Mário Theodoro, a violência contra o negro é parte de um quadro maior de negligência em relação a essa parcela da população.
“A maioria dos analfabetos, de jovens fora da escola, de desassistidos na saúde, é formada por negros.
Quando vemos o aumento da violência, vemos a população negra morrendo cada vez mais no País”, afirmou.
Na opinião do deputado Alessandro Molon (PT-RJ), um dos autores do requerimento da audiência, a população jovem ficou esquecida pelo poder público.
“Temos de discutir uma política nacional para a juventude que não passe só por segurança pública.