2009-12-09 15:19:00
Outras cinco pessoas – advogados e despachantes – também foram presas; quadrilha atuava para facilitar a regularização de estrangeiros no país
Numa operação realizada com a Polícia Federal, o Ministério Público Federal
O grupo era formado por cinco policiais e dois servidores da Delegacia de Polícia de Imigração da Superintendência da Polícia Federal de São Paulo, que recebiam vantagem indevida de seis advogados e despachantes que captavam estrangeiros interessados em agilizar sua documentação, burlando procedimentos legais e regulamentares.
Das ordens (11 prisões preventivas e duas temporárias), 12 foram cumpridas ontem, 8 de dezembro, pela Polícia Federal, que executou também 19 mandados de busca e apreensão em endereços comerciais e residenciais. A 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo determinou ainda, a pedido do MPF, o bloqueio das contas bancárias dos envolvidos e o encaminhamento à Corregedoria da PF para a realização de uma investigação interna.
Os servidores da PF são investigados pelos crimes de corrupção passiva, com o agravante de terem recebido valores ilícitos para praticar atos de ofício; uso de documento ideologicamente falso e quadrilha ou bando. Já os advogados e despachantes, além dos dois últimos crimes, responderão por corrupção ativa.
As investigações da Operação Piàn Jú começaram em junho deste ano, como desdobramento da Operação Da Shan, deflagrada pela Polícia Federal em maio, cujo objetivo foi desarticular uma organização criminosa especializada em introduzir no país e transportar para São Paulo pessoas de origem estrangeira, além de obter documentos falsos para a regularização de suas situações junto à Polícia Federal.
A abertura da nova investigação foi necessária para apurar a participação de servidores públicos integrantes dos quadros da PF
Foram autorizadas judicialmente interceptações telefônicas e e de e-mails de alguns investigados, a interceptação ambiental das salas ocupadas por alguns dos envolvidos na Superintendência da Polícia Federal
Apesar das dificuldades enfrentadas pela PF no início dos trabalhos, em virtude dos diálogos mantidos de forma cifrada pela quadrilha, as investigações conseguiram provas suficientes para identificar o esquema criminoso composto de servidores da Polícia Federal, responsáveis por processos de anistia, permanência e naturalização de estrangeiros, bem como emissão de passaportes, além de advogados e despachantes, que captavam estrangeiros como clientes e colaboravam com os policiais para burlar os procedimentos legais e regulamentares e acelerar processos de seus clientes.