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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Efeitos do aquecimento global na agricultura serão dramáticos

2009-11-25 13:49:00

O Ceará pode perder 80% da área fértil. Já Piauí e Pernambuco podem perder entre 60% e 70% da agricultura.


A Prefeitura de Amambai, através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SEMAI, preocupada com as fortes ondas de calor nos últimos dias e com as mudanças climáticas notórias veiculadas frequentemente nos noticiários de todo o país por conta do aquecimento global, alerta a respeito de um estudo realizado recentemente por onze das maiores instituições de pesquisa país, que se reuniram para mapear os efeitos das alterações climáticas na economia brasileira.

Além dos prejuízos para o setor agropecuário, as tragédias ambientais ganham proporções cada vez mais alarmantes, inclusive em nossa cidade, afetada por uma forte chuva de granizo no dia 16 de outubro.

Este estudo científico foi divulgado nesta quarta feira (25/11) no Jornal Bom Dia Brasil da Rede Globo:

Fizeram esse trabalho a Embrapa, o Inpe, a USP, a Unicamp, a Fundação Coppe, da UFRJ; Fiocruz, Fipe, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia; a Cedeplar da UFMG, Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável e o Ipea.

São números preocupantes. Um alerta. Saiba quais são os efeitos dramáticos do clima na agricultura e na alimentação dos brasileiros.

Choque: de um lado, a floresta, a preservação. Do outro, a agricultura, a necessidade da alimentação. No meio, as mudanças climáticas.

Só este ano, sete mil quilômetros quadrados de florestas foram derrubados em todo o país. As cidades avançam. Na década de 1950, oito de cada dez brasileiros viviam no campo. Agora, há 80% da população nos centros urbanos.

A cidade cresce, empurra a fronteira agrícola, avança sobre o verde das matas. A devastação das florestas fez do Brasil o quinto maior emissor de gás de efeito estufa do mundo.

O clima muda e é a própria agricultura a maior vítima dessa mudança.

“Em um cenário de 30 anos, isso já é claro, nós temos um impacto muito grande da água. Até alguns anos atrás, por exemplo, a água no Brasil simplesmente, não tinha preço. Hoje, para você extrair água da terra ou do rio já paga uma taxa. Os produtos agrícolas que utilizam muita água vão ter um peso maior”, compara o professor da UnB Flávio Botelho.

Pesquisas mostram que o aumento da temperatura do planeta vai ter impacto nas atividades agrícolas. Uma das prováveis consequências a longo prazo é a mudança no mapa da agricultura brasileira. O estado do Ceará pode perder 80% da área fértil. Já Piauí e Pernambuco podem perder entre 60% e 70% da agricultura.

“A geografia agrícola do Brasil teria que mudar, mas a gente ainda não está preparado para isso aqui no Brasil. Isso vai ter uma implicação bastante significativa para a migração. As populações destas áreas vão ter que mudar para outras regiões. Isso acaba tento impactos nos sistemas públicos de educação, saúde e em tudo que é necessário para viabilizar o bem estar das populações”, aponta o coordenador do programa de mudanças climáticas e energia do WWF Carlos Rittl.

O impacto vai ser ainda mais negativo para a safra de grãos, o motor do agronegócio no Brasil. As projeções da Embrapa feitas para o estudo "Economia da mudança do clima", divulgado nesta semana, garantem que as perdas devem chegar a R$ 7,4 bilhões em até 2020 – e praticamente dobrar, chegando a R$ 14 bilhões em 2070.

No Maranhão, os produtores perderam 16% da soja neste ano por causa da chuva forte. A saída é mudar o método de trabalho.

“Aquela chuva que normalmente caía de novembro para frente, começou a cair agora em outubro. Se terminava em abril agora está indo até junho. Dentro desse quadro novo, o que o agricultor está fazendo? Planta mais cedo, colhe uma safra e imediatamente as máquinas já plantam a nova cultura que ele vai colher”, comenta o engenheiro Elder Bastos.

Nos últimos tempos, na serra de Santa Catarina, olhar para as maçãs é como um exercício de adivinhação. João torce para que a temperatura fique fria durante centenas de horas para que após a floração, a fruta amadureça doce.

“Há anos em que houve a falta de frio, há anos em que temos uma primavera muito chuvosa e você perde a harmonização. Não é um processo cíclico, mas são fenômenos que ocorrem e que não têm uma explicação”, o engenheiro e produtor João Mena Neto.

A resposta está nos termômetros. A pesquisa da Epagri, empresa de pesquisa agrícola de Santa Catarina, a temperatura média subiu 1,4ºC em 50 anos: “Se realmente se confirmar essa tendência, o que se tem como certo é a inviabilização do cultivo dessas atuais cultiváveis de macieiras, principalmente, produzida na região meio-oeste de Santa Catarina”, aponta o engenheiro Gabriel Zerleite.

“Está sendo assustador. De dois, três anos para cá a coisa vem agitando demais. Hoje você planta a lavoura e já planta com medo de uma chuva de pedra, de um temporal. O trigo houve uma perda de mais de 70%”, compara o agricultor Augusto Camargo.

No estudo "Economia das mudanças do clima", a Embrapa destaca o café como uma das culturas mais prejudicadas pelo aquecimento global. O total da área adequada para o cultivo no Brasil pode diminuir 28% até 2070. Em Minas Gerais, os produtores estão assustados com o calor fora de época.

“Muitas vezes com o calor um pouco maior na época da florada, existe um abortamento. Com isso se perde na produção. Se o calor aumentar, há uma maior incidência de pragas e doenças”, explica o produtor de café José de Paiva.

O engenheiro Eduardo Assad, da Unicamp, foi um dos coordenadores da pesquisa, e acredita em uma recuperação: “Recomendamos que não se economize em tecnologia. Só podemos sair dessa ou evitar perdas com boa tecnologia. Em segundo lugar, buscar alternativas de adaptação”.

“Investir em modificações genéticas de arroz, por exemplo, tem um benefício oito vezes maior que o custo. Esse número passa para dez com o algodão. Para 16, no caso da soja. Um investimento de R$ 1 bilhão por ano, durante dez anos, permitiria que as nossas plantas pudessem se comportar de maneira adequada frente à redução da oferta de recursos hídricos”, aponta a coordenadora do estudo Carolina Dubuex.

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