2009-06-24 16:14:00
O secretário nacional de Políticas Antidrogas, general Paulo Uchôa, disse hoje (24) que as autoridades brasileiras estão conscientes da importância de fortalecer a fiscalização na extensa fronteira com os maiores produtores de cocaína do mundo – Colômbia, Bolívia e Peru.
O Relatório Mundial sobre Drogas 2009, divulgado pelo Escritório das Nações Unidas Sobre Drogas e Crime (Unodc), confirma o país como uma das principais rotas de tráfico para outros continentes.
“No que diz respeito à produção de drogas, o Brasil não incomoda muito o mundo. O país não produz para a exportação. Incomodamos, sim, por ser um país de trânsito excelente para o tráfico, já que temos fronteiras com os maiores produtores de cocaína do mundo”, afirmou Uchôa.
“São mais de 9 mil quilômetros que temos que cuidar. Enquanto isso os Estados Unidos tem apenas a fronteira com o México, que é menor do que a nossa só com a Bolívia. Isso explica a necessidade da intensificação [ de esforços] para enfrentar esse problema”, acrescentou o general.
A pesquisa da ONU apontou que a América do Sul é responsável por 323 toneladas (45%) do total mundial de apreensões de cocaína. O Brasil é o décimo país do mundo no ranking de apreensões.
Foram apreendidas 16 toneladas da droga no país em 2007, contra 14 toneladas em 2006. A Venezuela é citada como o país de trânsito mais importante para o tráfico de cocaína para a Europa.
No relatório, o Brasil consta como o maior mercado de cocaína da América do Sul em números absolutos, estimado em aproximadamente 890 mil pessoas ou 0,7% da população entre 12 e 65 anos. Entretanto, Uchôa argumentou que comparações devem ser relativizadas.
“Temos convicção absoluta dos dados que fornecemos [para o Unodc] e sabemos que isso não ocorre com muitos outros países, que não têm tanto rigor assim. Por isso, temos muito cuidado em fazer comparações. Nos interessa colocar num contexto mundial para ver o que precisamos melhorar”, disse Uchôa.
O general lembrou ainda que Brasil aderiu às convenções da ONU para combate ao tráfico e ao crime organizado. E citou também diretrizes adotadas pelo governo federal para tentar reduzir a demanda da sociedade por drogas.
“Temos tomado as providências ao nosso alcance, com atenção na identificação e atualização dos dados. As políticas setoriais de diversos ministérios devem integrar políticas antidrogas para promover a redução da demanda”, assinalou.