2009-03-18 13:46:00
O atraso na colheita da soja retardou o plantio de milho safrinha em grandes Estados produtores, como Paraná e Mato Grosso, e pode sujeitar as lavouras a uma maior dependência dos fatores climáticos. Na região da Cooperativa Agroindustrial Cocamar, que compreende parte das regiões norte e noroeste do Estado, tinham sido plantados cerca de 100 mil hectares até o último dia 10, quando se encerrou o período ideal para o cultivo dessa lavoura na região, conforme a recomendação do zoneamento agroclimático.
Daí em diante, de acordo com pesquisadores, os plantios tardios ficam mais vulneráveis aos riscos ocasionados pelo inverno, como as geadas e a irregularidade das chuvas.
Havia muito, ainda, a ser plantado. A previsão da cooperativa é a de que a superfície cultivada com milho safrinha, neste ano, chegue a 170 mil hectares, praticamente a mesma área do ano passado.
O MAIOR PRODUTOR
O Paraná é o maior produtor de milho do Brasil. Em 2008, mesmo com geadas ocorridas em junho, com quebra de produção, a Cocamar registrou o maior recebimento do grão de sua história: 413 mil toneladas.
Em Mato Grosso, muitos produtores não conseguiram fazer o plantio do milho safrinha até a data-limite de 28 de fevereiro. Mesmo assim, continuaram a semeadura, apostando no clima favorável, conforme constatou o Rally da Safra 2009, expedição organizada pela Agroconsult.
O gerente técnico da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), Luiz Nery Ribas, vê risco do ponto de vista agronômico. "Esta cultura depende de uma média de 400 milímetros de água e a irregularidade de chuvas pode impactar o desenvolvimento da planta".
Além disso, muitos produtores usaram baixa tecnologia e isto também é um dos fatores que poderão influenciar a produtividade. "O milho menos nutrido fica mais suscetível à infestação de pragas e de ervas daninhas e para piorar é menos resistente à seca e neste ano o Brasil já começou a sentir os efeitos da La Niña".
No Rio Grande do Sul e Santa Catarina, grandes consumidores de milho, o plantio da safrinha segue atrasado. As primeiras estimativas indicaram pequena redução na área plantada, mas os pesquisadores acreditam que, ante a perspectiva de escassez de milho na região, ainda pode haver recuperação. Além da safra de verão, no sul, ter sido afetada pela estiagem, houve quebra também na safra argentina, o mercado mais próximo. J.M.T.
INFORMAÇÕES: Instituto de Economia Agrícola, IEA, tel. (011) 5067-0511
