2009-03-08 14:12:00
Apesar dos avanços da mulher no mercado de trabalho, uma comparação feita pela Folha nas principais ocupações mostra que ainda há muito a avançar para se chegar perto de uma situação de igualdade.
Das 62 profissões onde foi possível comparar o rendimento de homens e mulheres na mesma ocupação, pela Pesquisa Nacional por Amostra dos Domicílios, do IBGE, em apenas um caso –professores do ensino fundamental com formação de nível médio- a renda do trabalho delas era superior. Ainda assim, a diferença encontrada –de 2% a mais para elas- fica dentro da margem de erro da pesquisa.
Como a Pnad é uma pesquisa amostral, não é possível comparar o rendimento em todas as ocupações. Para garantir que as margens de erro não fossem superiores a 10%, a Folha comparou apenas profissões com mais de 100 mil trabalhadores na pesquisa.
A diferença, na média, a favor dos homens aparece tanto no caso de ocupações de baixa qualificação –como trabalhadores rurais– quanto naquelas em que somente pessoas com nível superior podem exercer –caso de advogados, médicos ou professores universitários.
Essa desigualdade ocorre até em ocupações onde as mulheres são majoritárias, como trabalhadores de serviços domésticos (94% de mulheres trabalhando) ou costureiros (89%). Para a economista da Universidade Federal Fluminense Hildete Pereira de Melo, não há dúvida de que boa parte da diferença de rendimentos na mesma função é fruto da discriminação.
"Em praticamente todas as profissões, mesmo a mulher tendo igual qualificação, os cargos de chefia e gestão continuam sendo ocupados majoritariamente por homens. Isso é ainda mais comum nas carreiras de alta qualificação." A Pnad mostra, por exemplo, que as mulheres já representam 43% dos advogados, mas o rendimento delas equivale a apenas 72% do que recebe um homem na mesma ocupação.
A diferença na média de rendimentos do trabalho ocorre também em profissões de menor qualificação. Um dos casos mais desiguais é o de trabalhadores na agropecuária. Nessa ocupação, a renda mensal das mulheres é de apenas R$ 27, ante R$ 190 dos homens. Hildete, que já estudou as diferenças de gênero no setor rural, explica que o baixíssimo valor da renda das mulheres acontece porque em muitos casos seu trabalho sequer é remunerado.
A pesquisadora explica que a diferença a favor dos homens em trabalhos domésticos se deve a eles exercerem funções diferentes. "São jardineiros, motoristas ou acompanhantes que acabam entrando na Pnad como trabalhadores domésticos", afirma Hildete.