2009-02-11 08:03:00
A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou nesta terça-feira, 10, em nota, que não se pode afirmar que houve a prática de canibalismo na aldeia Cacau, na cidade amazonense de Envira, onde morreu Océlio Alves Carvalho, de 21 anos.
O rapaz teria sido assassinado por quatro índios da etnia Kulina. "Não existe a prática de antropofagia entre os povos indígenas no Brasil contemporâneo. A única informação a respeito deste costume data do período colonial", traz o comunicado da Funai.
Segundo a Fundação, a morte de Carvalho, cujo corpo foi identificado há uma semana, ocorreu às margens de um igarapé dentro da aldeia, onde havia diversas garrafas de aguardente. "A vítima tinha convívio social com os indígenas e consumia bebidas alcoólicas dentro da aldeia", ressaltou a Funai. A instituição ressaltou que o grupo indígena Kulina não é considerado isolado, apesar de as aldeias se situarem em locais de difícil acesso.
A polícia do Amazonas investiga a denúncia de que quatro índios teriam matado Carvalho, que era deficiente. "O corpo foi esquartejado e então retalhado com mais de cem cortes – achamos que eles comeram as vísceras", disse à Reuters o sargento da PM Osmildo Ferreira da Silva.
Os três índios, moradores da reserva Aldeia do Cacau, aparentemente se gabaram diante de parentes de terem comido o coração e o fígado de Carvalho, segundo Ferreira. O policial acrescentou que um suspeito foi ouvido, mas que ninguém foi preso.
Os kulina não praticam o canibalismo, e a polícia suspeita que os três índios acusados estivessem bêbados ou drogados. "O alcoolismo é disseminado entre os índios de toda a região", disse o agente da Polícia Federal Pablo Souza, em Manaus. "Isso não é usual na região, parece um caso isolado de homicídio."
Há cerca de 1 milhão de índios no Brasil, e suas terras representam cerca de 12% do território nacional.