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sexta-feira, 29 de março de 2024

Médicos são presos por cobrança ilegal de partos no SUS

2017-03-06 17:14:00

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta segunda-feira (6) uma operação contra a cobrança indevida de partos que deveriam ser cobertos de forma integral pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em um esquema que durava 13 anos e que teria movimentado R$ 1,6 milhão. Dois médicos foram presos preventivamente na cidade Itaqui, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, como mostra o Jornal Hoje (veja vídeo acima).

Conforme a PF, durante as investigações, dezenas de mulheres relataram que tiveram de pagar dois médicos obstetras e um anestesista pelo parto de cesárea no Hospital São Patrício. O caso foi descoberto em 2014 a partir de uma denúncia feita por um médico que fazia residência no local.

Uma das pacientes gravou, com ajuda da Polícia Federal, o momento em que um médico cobrava pela cirurgia: “se vai querer fazer cesárea com ligamento, aí eu vou te cobrar R$ 1,8 mil”, afirma na gravação um dos dois médicos presos na operação deflagrada nesta segunda.

Conforme a PF, os valores de R$ 400 a R$ 1,8 mil eram embolsados pelos médicos, apesar da internação ser feita por meio do SUS, conforme comprova documentação apresentada pelo hospital.

Mulheres sofreram muitos dias e teve caso identificados de recém-nascidos que faleceram, ou que tiveram sequelas graves por terem permanecido muito tempo dentro do útero"
Ana Gabriela Becker Gomes, delegada

Quem não conseguia o dinheiro, conforme a PF, aguardava pelo parto natural. Pacientes relataram que ficaram vários dias em em trabalho de parto, enquanto os médicos se negavam a fazer a cirurgia sem pagamento, o que teria provocado sequelas e até uma morte entre as crianças.

“Aquelas pacientes que não tinham como pagar pelo procedimento, era aguardado entrar em trabalho de parto, e mesmo em sofrimento, mesmo muitos dias de trabalho de parto, se elas não tinham condições e dinheiro para pagar o médico, não era realizada a cesárea. Os médicos se negavam a realizar. Mulheres sofreram muitos dias e teve caso identificados de recém-nascidos que faleceram, ou que tiveram sequelas graves por terem permanecido muito tempo dentro do útero”, afirma a delegada responsável pela investigação, Ana Gabriela Becker Gomes.

Ainda conforme a investigação, os pacientes tinham que pagar por outros procedimentos realizados pelo SUS, como cauterizações, aplicação de injeções e outras cirurgias.

Os dois médicos foram presos na madrugada desta segunda-feira e encaminhados à Penitenciária Modulada de Uruguaiana, e devem responder pelos crimes de corrupção, estelionato e realização de esterilização cirúrgica ilegal. A funcionária de um dos médicos e um anestesista foram indiciados.

Conforme a delegada responsável pelas investigações, os trabalhos de averiguação vão continuar, e a polícia pede que as vítimas procurem as autoridades para levar mais denúncias.

"A gente espera que essas prisões tragam mais pessoas para fazerem a denúncia. Porque esses casos não aconteceram só aqui em Itaqui, não aconteceram só no Rio Grande do Sul. Essas cobranças indevidas acontecem no Brasil inteiro, então a gente espera que, a partir dessas prisões, mais pessoas venham a denunciar", diz a delegada, completando que as investigações continuarão.

Presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Fernando Weber Matos disse que vai aguardar que seja feita a denúncia com provas para que seja aberta uma investigação sobre os médicos denunciados.

“Acredito que é uma prática não devida, não correta. Se o médico tem um contrato com o SUS, com o IPERGS (Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul) para fazer partos, tem que receber pelo SUS e pelo IPERGS”, afirmou em entrevista à rádio Gaúcha.

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