2017-01-11 17:29:00
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou nesta quarta-feira (11) o terceiro corte seguido na taxa básica de juros da economia brasileira, de 13,75% para 13% ao ano. Com o corte, de 0,75 ponto percentual, o BC acelera o ritmo de redução da Selic em meio às previsões de que a retomada do crescimento da economia brasileira pode demorar mais para acontecer e aos sinais de desaceleração da inflação.
Com a decisão, a Selic recua ao menor patamar desde o fim de abril de 2015, quando estava em 12,75% ao ano. O corte promovido pelo BC foi maior que o esperado pela maioria dos economistas do mercado financeiro, que apostava em 0,50 ponto percentual. Os analistas das instituições financeiras ouvidos pelo BC preveem que, nos próximos meses, o Copom continuará a reduzir a Selic, que chegaria a 10,25% ao ano no final de 2017.
Evolução da taxa Selic, decidida pelo Copom, do Banco Central (Foto: Arte/G1)
Inflação x atividade
O aumento da Selic, ou sua manutenção em um patamar elevado, é o principal mecanismo usado pelo BC para frear a inflação. O objetivo é encarecer o crédito para reduzir o consumo no país.
Juros altos, no entanto, prejudicam a atividade econômica e, consequentemente, inibem a geração de empregos. Quando o Banco Central julga que a inflação está compatível com as metas preestabelecidas, pode baixar os juros.
Isso aconteceu a partir de outubro, quando o Copom passou a promover cortes na Selic tendo em vista as indicações de que o IPCA, a inflação oficial do país, caminhava para dentro da meta de 2016 perseguida pelo BC.
Segundo o IBGE, o IPCA, que em 2015 havia acumulado alta de 10,67% , desacelerou para 6,29% em 2016. Apesar da queda, a inflação ficou próxima do teto da meta do ano passado perseguida pelo Banco Central (6,5%) e ainda distante do centro da meta, que era de 4,5%.
Recessão
A desaceleração da inflação em 2016, e a previsão do governo de que ela deve cair um pouco mais em 2017 , abre espaço para que o BC continue a fazer cortes na Selic, o que pode favorecer a retomada do crescimento da economia brasileira.
Os indicadores mais recentes do desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) apontam que a economia pode demorar mais que o previsto para voltar a crescer, o que aumentou as pressões para que o Banco Central acelere a redução da Selic. A expectativa é que isso leve ao barateamento do crédito e, consequentemente, incentive o consumo de bens e serviços no país.
No final de novembro, o Ministério da Fazenda admitiu oficialmente que a economia brasileira vai crescer menos em 2017 e anunciou a revisão de sua estimativa de alta do PIB, de 1,6% para 1%. Na época, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, atribuiu a condição à demora no enfrentamento da crise financeira.
Também no final de novembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que, no terceiro trimestre de 2016, o PIB recuou 0,8% em relação ao trimestre anterior – a sétima retração seguida nessa base de comparação e a mais longa de toda a série histórica do indicador, que teve início em 1996.
Em outubro, primeiro mês do quarto trimestre de 2016, a atividade economica continuou no vermelho, de acordo com o Banco Central. O chamado Índice de Atividade Econômica do BC, o IBC-Br, um indicador criado para tentar antecipar o resultado do PIB, teve queda de 0,48% em outubro , na comparação com setembro.
Em dezembro, o presidente Michel Temer anunciou que pretende adotar duas novas medidas para tentar ajudar no reaquecimento da economia. Uma delas é a liberação do saque de dinheiro de contas inativas do FGTS, que deve ocorrer a partir de fevereiro. Com esse dinheiro extra, avalia o governo, os trabalhadores poderão quitar dívidas e também consumir novos produtos. A outra medida visa reduzir os juros do cartão , que hoje chegam a 482% ao ano.