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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Temer propõe receber R$ 100 bilhões do BNDES e limitar gastos públicos

2016-05-24 11:38:00

O presidente em exercício, Michel Temer, anunciou nesta terça-feira (24) medidas para tentar conter o crescimento dos gastos públicos e retomar o crescimento da economia brasileira. O anúncio acontece um dia depois de Temer entregar ao Congresso pedido de autorização para que o governo registre em 2016 um rombo recorde de R$ 170,5 bilhões.

A primeira ação proposta pelo presidente em exercício foi a devolução, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de pelo menos R$ 100 bilhões em recursos repassados pelo Tesouro Nacional nos últimos anos.

De acordo com Temer, os repasses somam mais de R$ 500 bilhões. Eles foram feitos pelo Tesouro Nacional, durante o governo da presidente afastada Dilma Rousseff, para que o BNDES ampliasse empréstimos a empresas com o objetivo de aquecer a economia.

Segundo Temer, a ideia é que sejam devolvidos ao Tesouro Nacional R$ 40 bilhões neste momento. A equipe econômica explicou que a previsão é de receber outra parcela de R$ 30 bilhões dentro de um ano e o restante (R$ 30 bilhões), em 24 meses.

A equipe econômica explicou que esses recursos não poderiam ser utilizados como gastos primários (como receita no Orçamento). Eles, porém, podem servir para abater a dívida pública, e o seu retorno diminuiria o pagamento de subsídios pelo governo federal.

A expectativa do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, é que essa medida gere uma economia de R$ 7 bilhões no pagamento de subsídios relativos aos empréstimos do BNDES, mas não informou em quanto tempo isso ocorrerá.

Os juros cobrados nos empréstimos feitos pelo BNDES (TJLP) são mais baixos que os praticados no mercado, e a diferença é paga pelo Tesouro. Com a redução do volume de recursos do Tesouro no BNDES, o governo gastará menos com esse subsídio.

Teto para gastos

Outra medida anunciada pelo presidente em exercício, Michel Temer, é a proposta de adoção de um teto para os gastos públicos, proposta semelhante à que foi feita pela equipe econômica da presidente afastada Dilma Rousseff no que ficou conhecida como “reforma fiscal”.

Estamos propondo limite [do crescimento do gasto público] equivalente à inflação do ano anterior"
Michel Temer, presidente em exercício

O presidente em exercício disse que a proposta prevê que a alta dos gastos públicos em um ano não poderá ser superior à inflação do ano anterior.

"Vamos apresentar essa PEC [proposta de emenda constitucional] que limitará o crescimento da despesa primária total. Até a semana que vem, teremos completado esse trabalho", disse Temer, durante a apresentação do plano, no Palácio do Planalto.

"Estamos propondo limite [do crescimento do gasto público] equivalente à inflação do ano anterior. Isso tudo parece ser a melhor forma de conciliar meta para o crescimento da despesa primária e permitir que o Congresso continue com liberdade absoluta para definir a composição do crescimento do gasto público", completou.



Exploração do pré-sal

O presidente em exercício disse ainda que apoiará um projeto aprovado pelo Senado Federal que altera as regras de exploração de petróleo do pré-sal.



De autoria do senador José Serra (PSDB), atualmente ministro das Relações Exteriores, o projeto retira da Petrobras a exclusividade das atividades no pré-sal e acaba com a obrigação de a estatal a participar com pelo menos 30% dos investimentos em todos os consórcios de exploração da camada.

O projeto já passou pelo Senado e será agora avaliado pela Câmara dos Deputados. Segundo Temer, se houver concordância entre Executivo e Legislativo, a ideia é levar esse projeto adiante.

Parlamentares ligados ao governo da presidente afastada Dilma Rousseff criticam o projeto. Eles alegam que a alteração entrega o pré-sal ao capital estrangeiro em um momento de desvalorização do valor do petróleo.



Temer também disse que o governo não pretende elevar o volume de subsídios vigentes, como acontecia anteriormente.



"Nenhum ministério irá apresentar proposta que eleve custo nominal, que eleve subsídio do governo. Poderá fazê-lo se houver uma compensação de uma ou outra atividade", disse ele.



Segundo o presidente em exercício, ao tomar essa posição, o impacto fiscal estimado é de uma economia de aproximadamente R$ 2 bilhões por ano.

Fundo soberano

O presidente em exercício também propôs a extinção do chamado fundo soberano, criado em 2008 com a sobra do superávit primário (economia para pagamento de juros da dívida) que existia naquele momento.



Com isso, os recursos lá depositados, que somam atualmente cerca de R$ 2 bilhões, segundo Temer, deverão retornar aos cofres públicos.



“É uma coisa paralisada [recursos do fundo soberano]. Vamos talvez extinguir o fundo soberano e trazer esses R$ 2 bilhões para cobrir o endividamento do país”, disse Temer.

Previdência

Temer também falou sobre reforma da Previdência. Não anunciou medida para ela nesta quarta, mas afirmou que não fará mudanças nas regras para aposentadoria dos brasileiros se não tiver “concordância com a sociedade” (veja o vídeo acima).

“Não irei realizá-la [a reforma da Previdência] sem ter uma concordância com a sociedade. Não foi sem razão que chamamos as centrais sindicais, criamos um grupo para examinar o que é possível fazer com a previdência social”, disse ele.

Na semana passada, após reunião com Temer, as centrais sindicais Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e Nova Central Sindical de Trabalhadores, anunciaram a criação de um grupo para discutir a reforma da Previdência.

O objetivo é apresentar uma proposta de mudança nos critérios para se requerer o benefício da aposentadoria até meados de junho.

Entretanto, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já defendeu a aplicação da regra de idade mínima para aposentadoria no país. O objetivo é conter o aumento do déficit (despesas maiores que as receitas) do INSS.

Rombo nas contas em 2016

A expectativa do governo é de votar a nova meta fiscal nesta terça-feira. Em referência ao Partido dos Trabalhadores, o presidente em exercício, porém, disse "lamentar" que os partidos que propuseram inicialmente a revisão da meta fiscal (para um valor menor, de R$ 96,6 bilhões), anunciam que vão tentar "tumultuar" os trabalhos e impedir a votação.

"Isso revela aos olhos de que veem o país como uma finalidade e não um governo com um partido político absoluta discordância com a tranquilidade institucional do nosso país. Oposição é sempre construtiva, existe para ajudar a governar", declarou ele, acrescentando, porém, que há momentos em que "todos devem trabalhar pelo bem comum".

O presidente em exercício disse também que "interinidade não significa que o país deve parar". "Devemos fazer atos e fatos para levar o pais adiante", disse.

Em discurso conciliador, Temer afirmou que é preciso "pacificar o país. "Não podemos permitir a guerra entre brasileiros, a disputa quase física. Isso é inadmissível, temos os olhos voltados de toda comunidade internacional", acrescentou.

Sobre a nova meta fiscal, que pode ser votada ainda nesta terça-feira no Congresso Nacional, a equipe econômica explicou, na semana passada, que o rombo proposto, de até R$ 170,5 bilhões para este ano, seria um "teto". Deste modo, o objetivo é que o rombo fiscal seja menor do que este valor em 2016.

"Existem medidas a serem tomadas de curto, médio e longo prazo que não estão mencionadas nesse orçamento. Porque são medidas futuras. Serão, se aprovadas, incorporadas neste e em outros orçamentos", explicou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles na semana passada.

Contas públicas

A consequência de as contas públicas registrarem déficits fiscais seguidos é o aumento da dívida pública e mais pressões inflacionárias. Com o fraco crescimento e contas deterioradas, o Brasil já perdeu, também, o chamado "grau de investimento" – uma recomendação para investir no país – pelas três maiores agências de classificação de risco (Standard & Poors, Fitch e Moody´s).

Para a retomada da confiança na economia brasileira, o novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tem dito que é importante reequilibrar as contas públicas. Ele já indicou que o ajuste nas contas é um dos principais desafios da economia neste momento.

Meirelles avaliou que a dívida pública não pode continuar subindo na proporção com o PIB e que é importante tentar retomar os superávits nas contas públicas. O ministro da Fazenda tem defendido o “nominalismo” nas contas públicas, isto é, sem aumentos reais – acima da inflação – das despesas públicas.

De acordo com avaliação feita por Meirelles há alguns dias, a melhora das contas seria importante para a volta da confiança dos investidores e consumidores, para o aumento do investimentos e, subsequentemente, para o retorno do processo de crescimento da economia com geração de empregos.

Para atingir esse, Meirelles propôs, entre outras medidas, a reforma da Previdência Social – que teria impacto nas contas públicas no médio prazo. A ideia, nesse caso, seria fixar uma idade mínima de aposentadoria.

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