2009-07-26 13:11:00
Os quatro países do Mercosul anunciaram que pretendem usar, a partir de 2010, suas próprias moedas – e não o dólar – nas transações comerciais dentro do bloco.
A mudança pode representar uma economia estimada em 3% do total tradicionalmente gasto com esse tipo de operação.
O compromisso foi assumido após reuniões entre representantes de bancos centrais, no âmbito da 37ª Reunião do Conselho do Mercado Comum do Mercosul, nesta quinta-feira, em Assunção.
Atualmente o comércio entre os países do bloco é realizado em dólar, mas Brasil e Argentina já utilizam o sistema de pagamentos em moedas locais desde 2008.
A próxima etapa é a inclusão de Paraguai e Uruguai ao mesmo sistema. No caso paraguaio, a adesão ao sistema depende ainda de uma modernização de seu próprio mecanismo de pagamentos internacionais.
O objetivo é que o sistema dos quatro países esteja unificado até 2010, quando então entrará em operação gradualmente e em caráter experimental.
Apesar de o compromisso ter sido anunciado no âmbito do Mercosul, o uso de moedas locais depende ainda de acordos bilaterais, entre bancos centrais.
Os países do bloco também concordaram em estudar a proposta brasileira de incluir no sistema outros tipos de pagamento, como no setor de serviços e previdenciário.
Pouco uso- O pagamento com moedas locais diminui os custos de transação com câmbio – o que o torna uma opção interessante para pequenas e médias empresas.
Mesmo com a economia prevista com a adoção da mudança, o sistema de pagamentos em moedas locais ainda não conquistou as empresas brasileiras e argentinas.
De acordo com as estatísticas do Banco Central do Brasil, os pagamentos realizados por meio do sistema de moedas locais não chegam a 5% do fluxo comercial entre os dois países.
“O dólar ainda é a moeda preferida e dificilmente esse cenário mudará por uma decisão política”, disse à BBC Brasil uma fonte do Ministério da Fazenda.
“Exportadores querem receber em moeda americana, pois sabem que a moeda, ainda que esteja desvalorizada, é a que tem liquidez no mercado”, acrescentou.
‘‘Descrédito’’– A Cúpula do Mercosul acontece em meio a dúvidas sobre o futuro do bloco, sobretudo em função da falta de consenso entre os governantes.
O chanceler do Paraguai, Héctor Lacgonata, disse que o Mercosul sofre de um “crescente descrédito”e que o “desencanto quanto ao bloco está generalizado”.
O governo argentino tem sido o principal alvo de críticas em Assunção. Com o agravamento da crise internacional, o país adotou medidas protecionistas que afetaram inclusive seus parceiros comerciais no Mercosul.