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quinta-feira, 28 de março de 2024

Espanha atrai brasileiros para repovoar ‘cidades-fantasma’

2009-05-11 00:12:00

Famílias brasileiras com crianças estão aproveitando a oferta de benefícios feita por vilarejos da zona rural da Espanha que correm o risco de desaparecer por causa da falta de habitantes jovens.

Pelo menos 15 pequenos municípios espanhóis ofereceram ou estão oferecendo casa, emprego e até dinheiro a famílias de imigrantes para tentar repovoar suas ruas.

O governo diz que pelo menos 2.648 municípios enfrentam o mesmo problema de falta de população jovem e que, por isso, ganharam o nome de "cidades-fantasmas".

Em Lorcha, vilarejo de 735 habitantes encravado em uma montanha do leste da Espanha, as paranaenses Adelle, de 8 anos, e Camille, de 10, além de outros sete equatorianos, ajudaram a manter aberta a única escola local. Sem esses alunos imigrantes, as 24 crianças nascidas na cidade precisariam percorrer 18 km até a escola mais próxima.

A Prefeitura de Lorcha deu à mãe das meninas, Sônia Regina Matos Farias, uma casa grátis e um emprego de faxineira a 7 euros por hora (cerca de R$ 21).

"É necessário oferecer algo convincente. Quem vem para cá chega para ocupar nossos vazios. Só pedimos que sejam jovens e com filhos porque senão esses lugarejos estarão condenados ao esquecimento", disse à BBC Brasil o prefeito de Lorcha, Guillermo Moratal.

Idéia- Em Ayódar, no litoral mediterrâneo, outras duas crianças brasileiras, Fernanda, de 11 anos, e Luana, de 6, ajudaram a evitar o fechamento da escola local.

Elas pertencem a um grupo de quatro famílias eleitas entre 182 candidatas, aceitando a proposta de ajudar a repovoar a aldeia de 238 habitantes em troca de casa, trabalho e um cheque de mil euros (aproximadamente R$ 3 mil).

A primeira "cidade-fantasma" a lançar uma oferta para repovoar suas ruas foi Aguaviva, no centro-leste do país, que, em 2000, ofereceu passagens aéreas, refeitório para as crianças, aluguel subsidiado e emprego para os pais. Em seis anos, a cidade ganhou 150 novos moradores, todos imigrantes

O sucesso da ideia levou outras prefeituras a lançar propostas semelhantes através da imprensa. Hoje, cerca de 80% dos municípios com problemas de envelhecimento da população e falta de jovens estão recebendo famílias imigrantes.

O município de Ponga, no noroeste da Espanha, chegou a oferecer 6 mil euros (cerca de R$ 18 mil) por cada família com ao menos cinco filhos, mais um extra de 3 mil euros (aproximadamente R$ 9 mil) por cada criança nascida na cidade, com um contrato de permanência na aldeia por cinco anos.

Frustração- Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística, os menores em idade escolar nascidos em outros países já ocupam 8,4% do total de vagas dos colégios públicos espanhóis, dez vezes mais do que há uma década.

"Graças aos imigrantes, está sendo possível frear o esvaziamento de muitas cidades da zona rural espanhola", disse à BBC Brasil José Luis Sáenz, porta-voz do Centro de Estudos para a Despovoação de Áreas Rurais.

Ele, no entanto, alerta que as prefeituras precisam ser prudentes. "Todo mundo se interessa pelas ofertas, mas as características das aldeias-fantasmas a meio e longo prazo não são levadas em consideração. Em muitos casos os acordos acabam em frustrações."

Sáenz lembra que em muitas localidades, há problemas para se conectar à internet e conseguir cobertura de celular e pouco transporte público para cidades maiores. Além disso, muitas não têm áreas de lazer, perspectiva de empregos melhores, e escolas de formação profissional e nível superior.

"O que recomendamos às prefeituras é escolher pessoas sem estudos, para evitar maiores frustrações", completou Sáenz.

O prefeito de Ayórdar, Ramón Balaguer, concorda. "Procuramos imigrantes não por preferência, mas por necessidade. Um espanhol quer ficar na sua profissão, enquanto um estrangeiro se conforma com ter um trabalho e outros benefícios a mais, nesses tempos".

A última oferta das aldeias-fantasmas anunciada na passada terça-feira na imprensa espanhola é a de Monreal de Ariza, no centro-leste. A Prefeitura dá casa a famílias com filhos pequenos, mas não garante empregos.

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