21.9 C
Amambai
quarta-feira, 24 de abril de 2024

Uma mulher, um ferro de passar e a ideia…

2017-10-06 10:02:00

"Cartão

Direito de imagem

ISTOCK

Image captionTarja eletrônica revolucionou uso de cartões de crédito

Cartões de débito e crédito são a forma mais popular de pagamento do mundo desenvolvido – tomando cada vez mais espaço do dinheiro.

Nos EUA, uma pesquisa do Instituto Gallup feita em 2016 mostrou que apenas 24% dos americanos usam notas e moedas para pagar pela maioria de seus gastos.

No Reino Unido, pagamentos com cartão superaram os feitos em espécie há pelo menos três anos. A Suécia é um caso extremo: apenas 1% dos pagamentos foram realizados da forma tradicional.

Analistas afirmam que o crescente uso dos cartões se deve, em parte, à popularidade dos pagamentos sem contato, em que as transações são feitas sem necessidade de digitar senhas.

Mas essa tecnologia, bem como outras formas de pagamento como o Apple Pay e o Android Pay, que permitem pagamentos com o uso do celular, são apenas a ponta do iceberg. O que realmente revolucionou o uso de cartões foi uma invenção muito mais antiga: a fita magnética.

"CarrinhoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionCada vez menos usamos dinheiro e para fazer nossos pagamentos

Uso complicado

Antes de Forrest Parry inventar o cartão com fita magnética, em 1960, o uso de cartões de crédito era complicado. O conceito nascera dez anos antes, graças aos também americanos Frank McNamara e Ralph Schneider, fundadores da primeira empresa de cartões do mundo, o Diners Club.

McNamara criou os cartões quase por acidente. Pelo menos de acordo com o site da companhia.

"Tudo começou com uma carteira esquecida", explica um texto no site.

Reza a lenda que McNamara saiu para jantar em Nova York em uma noite de 1949 e, na hora de pagar, teve de chamar a esposa após ter esquecido a carteira em casa.

Pouco depois, voltou ao restaurante (Major's Cabin Grill) e propôs pagar a conta com um pequeno cartão de papelão – essa "primeira ceia" teria aberto caminho para a multibilionária indústria dos cartões de crédito.

Mas usar cartões exigia muita paciência: o comerciante deveria ligar para o banco, que por sua vez ligava para a companhia de crédito para checar o nome do cliente e o balanço de sua conta.

Por isso, a incorporação da tarjeta magnética, que permitiu a informatização do sistema, deu um impulso enorme à indústria do crédito, conta Tim Harford, autor da série "50 Coisas que Criaram a Economia Moderna", da BBC.

Como colar

Mas a invenção de Parry não teria sido possível sem ajuda de sua mulher.

Para entender melhor por que, é preciso estudar a história do armazenamento magnético de dados. Ele foi desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial e, nos anos 50, cientistas como o britânico Alan Turing criaram as bases dados computadorizados.

O passo seguinte foi dado pela IBM, que conseguiu codificar a informação para colocá-la em uma fita magnética. Forrest Parry trabalhava em um dos escritórios da empresa no Estado americano de Minnesota, e queria usar essa tecnologia nos cartões.

Só não encontrava maneira de grudá-la ao plástico. Tentou todo o tipo de cola e nenhum funcionou – uns não eram aderentes o suficiente, e a fita se soltava; outros eram corrosivos e danificavam os dados armazenados.

"CasalDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO ferro de passar inspirou Dorothea Parrya

Mas um belo dia, Parry voltou para casa e conversou sobre o problema com a mulher, Dorothea, que estava passando roupas. Foi dela a ideia de derreter a fita sobre o plástico usando o ferro.

Eureka! O calor era suficiente para unir os elementos sem danificar a informação.

A incorporação da tarja magnética acelerou enormemente os prazos de transações e abriu caminho para que o cartão de crédito se convertesse na forma favorita de pagamentos de milhares de pessoas em todo o mundo.

O lado negro

Essa história tem, no entanto, um lado negro: muitos estudos comprovam que gastamos muito mais quando podemos pagar com cartão em vez de dinheiro.

É o que especialistas em comportamentos econômico chamam de gasto sem fricção – psicologicamente, pagar com cartão não "dói" no bolso.

"CarteiraDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionTendemos a gastar mais quando pagamos no cartão – o chamado "gasto sem fricção"

Para complicar, bancos e administradoras de crédito usam táticas agressivas de marketing para arrebanhar clientes. Nos EUA, as dívidas com cartões passaram de US$ 950 bilhões em 2016, segundo o Tesouro americano.

Há quem tema que a tendência seja que isso piore no futuro, quando os cartões forem substituídos por formas mais simples de pagamento. Além de apps para celular, economistas preveem que o futuro próximo terá novidades mais incríveis.

O site CreditCards.com considera provável que, dentro de 50 anos, chips e tarjas serão substituídos por identificação biométrica, um "sistema de identificação 100% à prova de roubos, que poderá até usar o padrão de DNA".

Especializado na indústria dos cartões, o site prevê que as crianças atuais "poderão nunca usar cartões".

"Se a tecnologia tornar os cartões obsoletos, estará cumprindo sua missão de facilitar o intercâmbio de bens e serviços e torná-lo mais conveniente", conclui.

Leia também

Edição Digital

Jornal A Gazeta – Edição de 24 de abril de 2024

Clique aqui para acessar a edição digital do Jornal...

As Mais Lidas

Portuguesa vence Náutico por 2 a 0 diante da torcida

Vitória do time rubro-verde de Mato Grosso do Sul!...

Equipe de Amambai vence e avança as quartas de final da Copa Fronteira em Capitan Bado

Vilson Nascimento Com dois gols do jogador Heber, o Desportivo...

Nota de falecimento de Leon Conde Sangueza, o “Bolívia”

Comunicamos com pesar o falecimento nesse domingo, dia 21...

Nota de falecimento de Janaína Rodrigues Aquino

Comunicamos com pesar o falecimento nesse sábado, dia 20...

1º Circuito Analy de corrida de rua acontece dia 27 em Amambai

Vilson Nascimento Acontece no sábado, 27 de abril, em Amambai,...

Enquete