2016-09-28 23:02:00
O presidente Michel Temer defendeu nesta quarta-feira (28), durante reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex), no Palácio do Planalto, que o Mercosul e a União Europeia acelerem o acordo de livre comércio entre os dois blocos econômicos.
Atualmente, o bloco de países sul-americanos, composto por Brasil, Argentina, Venezuela, Paraguai e Uruguai, negocia um acordo comercial com o bloco de países europeus. Para entrar em vigor, porém, as duas partes precisam apresentar suas propostas. Pelas estimativas do governo brasileiro, o acordo deve ser firmado dentro de dois anos.
“A Organização Mundial do Comércio, sabemos todos, é foro importante para o combate aos subsídios agrícolas. Mas é preciso dedicar mais esforços a acordos com parceiros selecionados. Precisamos romper o relativismo, o isolamento externo dos últimos anos”, disse o presidente.
“Queremos, agora, acelerar as negociações, por exemplo, entre o Mercosul e a União Europeia, e também aprofundar conversas com outros parceiros”, acrescentou.
As negociações dos dois blocos para a criação de uma área de livre comércio entre os blocos se iniciaram no ano 2000, mas a primeira troca de ofertas quatro anos depois não foi bem sucedida e as conversas ficaram paradas até 2010.
Em maio deste ano, representantes dos blocos se reuniram em Bruxelas (Bélgica), mas não houve acordo.
Um dos grandes entraves às negociações é o setor agrícola, especialmente quanto a produtos como o etanol, açúcar bruto e a carne bovina, que não foram discutidos pela União Europeia.
Outra dúvida quanto a possíveis acordos envolve a saída do Reino Unido do bloco europeu. Os britânicos adotavam uma postura menos protecionista do que outros países, como a França, Hungria e Irlanda.
A próxima reunião entre o Mercosul e a União Europeia deve acontecer em Bruxelas, entre os dias 10 e 14 de outubro.
Na reunião da Câmara de Comércio Exterior, Temer disse ainda que o Mercosul está “retomando o caminho da normalidade”, sem citar um caso específico.
“Precisamos de um Mercosul ágil e moderno, que sirva de plataforma para que atuemos fortalecidos no mercado internacional. Isso exige o enfrentamento de muitas questões, como a revisão da estrutrua tarifária do bloco e a celebração de acordos em novas áreas”, acrescentou.
Discurso
Temer iniciou seu discurso, de cerca de dez minutos, afirmando que é necessário fortalecer a Câmara de Comércio Exterior porque, na avaliação dele, "é necessário restaurar a centralidade do comércio e dos investimentos no conjunto de políticas de desenvolvimento do país".
O presidente afirmou ainda que o objetivo do governo, ao reunir a Camex, é "restabelecer" a capacidade do poder público de articular uma política de comércio exterior "consistente".
"E, hoje, o nosso propósito maior, não é novidade para ninguém, é retomar o crescimento econômico e gerar empregos de qualidade. Esta é a demanda número um da sociedade brasileira e este deve ser o norte de nossa política de comércio exterior", disse.
Na avaliação do presidente, estamos em um mundo em que a competição comercial é "dura e permanente", por isso, disse, "temos de nos adaptar".
Temer aproveitou para dizer que está "seguro" de que o Brasil poderá aumentar sua participação no comércio internacional, "tanto em termos quantitativos quanto qualitativos". Segundo o presidente, o país é o 25º maior exportador e pode "melhorar esta posição".
"Há, portanto, muito espaço para maior e melhor integração do Brasil nos fluxos de comércio e investimentos internacionais. É urgente explorar esse espaço e isso requer política eficiente. E esta política, naturalmente, tem que passar, em primeiro lugar, pela redução do custo Brasil. Gargalos de infraestrutura e outros fatores que encarecem a exportação brasileira precisam ser seriamente atacados", afirmou.