2016-06-13 09:02:00
Urina. Todos nós expelimos este líquido transparente, amarelado e de odor característico várias vezes ao dia sem pensar o quanto ele pode ser útil.
Mas a excreção não serve apenas para detectar se a pessoa tem alguma infecção ou doença; também pode ser útil no cultivo de plantas, como combustível e até para uma viagem espacial.
E cientistas já provaram essas utilidades várias vezes. Veja abaixo cinco delas em vários estágios de desenvolvimento.
1. Da bexiga para a lavoura
Em Brattleboro, no Estado americano de Vermont, mais de 100 voluntários doam urina para uma experiência.
No local, funciona o Rich Earth Institute, onde são cultivadas alfaces e cenouras. O pasto é verde e saudável graças à urina doada, uma prática muito usada na Ásia.
O projeto começou em 2011 e conta com o apoio da Universidade de Michigan. Por meio da iniciativa, os cientistas provam que nosso resíduo é um ótimo fertilizante e ainda ajuda a economizar água.
Segundo especialistas, a maioria dos agricultores usa fertilizantes com nitrogênio e fósforo, duas substâncias encontradas na urina.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que ela seja armazenada antes de ser usada no cultivo dos alimentos.
Mas OMS alerta quem quer usá-la na horta de casa, por exemplo. O líquido precisa ser armazenado durante um mês para eliminar qualquer agente que possa causar problemas à saúde.
Já no tratamento para uso em escala industrial, a espera deve ser de pelo menos seis meses.
2. Dentes de urina
Cientistas na China conseguiram criar dentes a partir de células-tronco encontradas na urina.
Pesquisadores do Instituto de Biomedicina e Saúde de Guangzhou, no sul do país, publicaram recentemente um estudo na revista especializada Cell Regenerationonde explicam como conseguiram criar estruturas parecidas com as de um dente, com polpa, dentina e esmalte.
O único problema é que essas estruturas não eram tão duras como um dente.
Mas o trabalho abre caminho para usar as células encontradas na urina para a regeneração de dentes no futuro, dizem eles.
Depois da publicação do trabalho, John Comisi, da Academia Geral de Odontologia dos Estados Unidos, disse à rede de TV americana CBS que, como se trata de um resíduo descartado pelo corpo humano, a urina tem células e "faz sentido poder usar (estas células) desta maneira".
3. Carregadores de celular e outros dispositivos
"Um dos produtos que podemos ter certeza de fornecimento infinito é nossa urina", disse Ioannis Ieropoulos, do Laboratório de Robótica da Universidade de Bristol, na Grã-Bretanha, quando, há alguns anos, explicava como tinha desenvolvido uma forma de carregar telefones celulares com urina.
Ieropoulos não foi o único a pesquisar como tirar energia desse líquido.
Recentemente, os pesquisadores da Universidade de Bath, também na Inglaterra, desenvolveram uma célula de combustível em miniatura que pode gerar eletricidade a partir do nosso resíduo.
Segundo os especialistas, esta pode ser uma solução para oferecer energia acessível e renovável.
Uma célula de combustível microbiana trabalha com processos elétricos biológicos naturais das bactérias para converter matéria orgânica em eletricidade.
Outra vantagem, segundo os pesquisadores, é que essas baterias são econômicas, cada dispositivo custa cerca de US$ 1,5 (cerca de R$ 5), eficientes e produzem quase nenhum resíduo na comparação com outros métodos tradicionais de geração de eletricidade.
Estas baterias permitem carregar ─ pelo menos no laboratório ─ telefones celulares e outros dispositivos.
4. Combustível
Gerardine Botte, cientista da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, se especializou em transformar urina em combustível de hidrogênio.
A premissa parece simples. A urina tem dois compostos que poderiam ser fonte de hidrogênios (amônia e ureia), então, se você coloca um eletrodo no líquido e aplica uma corrente suave, o gás de hidrogênio produzido poderia ser usado para alimentar uma célula de combustível.
Segundo o jornal britânico The Guardian, a tecnologia que a professora de engenharia química e biomolecular desenvolveu possui um sistema que opera de forma muito parecida com a eletrólise da água, "um processo que se utiliza para produzir hidrogênio".
A vantagem do sistema de Botte é que a amônia e a ureia da urina usam menos força para manter os átomos de hidrogênio e, por isso, não precisa de tanta energia para separá-los.
5. Xixi no espaço
Esse uso talvez seja conhecido por alguns.
Para se hidratar, os astronautas bebem sua própria urina ─ e a dos colegas ─ na Estação Espacial Internacional.
Quando se está no meio do caminho entre a Terra e a Lua, conseguir água potável é uma tarefa muito difícil. E o transporte do líquido até a estação também fica muito caro.
O astronauta canadense Chris Hadfield explicou que, no espaço, 93% da água usada também é reutilizada.
Eles aproveitam o máximo possível de todos os líquidos, incluindo suor e urina.
"Tem gosto de água engarrafada", afirmou Layne Carter, do Centro de Voo Espacial Marshall, da Nasa, ao site da Bloomberg.
Para Carter, basta superar a questão "psicológica" de que se está bebendo urina reciclada.