2007-09-11 21:33:00
O MPF (Ministério Público Federal) de Mato Grosso denunciou o ex-deputado federal João Grandão (PT/MS) e mais cinco envolvidos – quatro ex-deputados e uma ex-assessora – com a máfia dos sanguessugas, esquema que desviava recursos da União por meio de fraude na compra de ambulâncias e equipamentos hospitalares. Ao todo, 165 pessoas já foram denunciadas, sendo que em outros Estados também estão sendo conduzidas investigações.
De acordo com a denúncia, João Grandão (PT-MS) e outros quatro ex-parlamentares – Neuton Lima (PTB-SP), Vanderlei Assis (PP-SP), João Correia (PMDB-AC) e Edna Macedo (PTB-SP) – integravam a ramificação política da organização. João Grandão, Neuton Lima e Edna Macedo foram denunciados pela prática dos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e fraude à licitação.
Já Vanderlei Assis foi denunciado pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro e João Correia pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e fraude em licitação. A ex-chefe-de-gabinete Marion Ferreira Gomes, ligada à Edna Macedo, foi denunciada pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e fraude em licitação.
A quadrilha desmontada pela Polícia Federal, que fraudava a venda de ambulâncias para prefeituras de diversos Estados, era chefiada pela família Trevisan Vedoin, em Mato Grosso. No caso específico de Grandão, o empresário Luiz Antônio Vedoin afirmou ter feito acordo com o ex-deputado federal, pagando 10% do valor das emendas de sua autoria que fossem executadas por meio de empresas do esquema das sanguessugas.
Segundo Vedoin, o próprio João Grandão se reuniu com prefeitos em seu escritório em Dourados para acertar os detalhes sobre as fraudes das licitações. Vedoin e a empresa Klass, de sua família, teriam efetuado transferências de R$ 25 mil para contas bancárias de assessores do parlamentar. A quantia, diz o empresário, foi repassada depois para o deputado.
Em defesa encaminhada ao Conselho de Ética da Câmara Federal no ano passado, João Grandão, que hoje ocupa o cargo de assessor institucional da Prefeitura de Dourados, nega ter recebido recursos de Luiz Antônio Vedoin ou de qualquer pessoa indicada por ele. O parlamentar destaca que os pagamentos citados no depoimento não foram efetuados na ocasião da apresentação de emenda ou da liberação dos recursos, conforme o próprio empresário explicara.
O ex-deputado ainda afirma que não tem ligação com as pessoas indicadas por Vedoin como intermediárias dos pagamentos. A defesa apresenta documento do Departamento de Pessoal da Câmara comprovando que Francisco Machado Filho, apontado como beneficiário de R$ 10 mil da empresa Klass, nunca ocupou cargo no gabinete de João Grandão nem possui vínculo com ele.
O outro beneficiário, Jamil Felix Naglis Neto, não era assessor do deputado havia dois meses e 25 dias quando recebeu o depósito de R$ 15 mil da Klass, em 27 de maio de 2003. A defesa também cita declaração funcional da Câmara, na qual o assessor ficou lotado no gabinete do parlamentar até 5 de março de 2003.
O ex-parlamentar nega ter se reunido com prefeitos beneficiados pelas emendas. A defesa inclui declarações dos prefeitos negando a existência da reunião citada por Vedoin. João Grandão ainda explica que seu gabinete chegou a ligar à Planam para cobrar o cumprimento de contratos da empresa com as prefeituras.
