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sexta-feira, 19 de abril de 2024

MS lidera numero de indígenas assassinados

2007-01-08 09:58:00

Ano passado, pelo menos 40 índios foram assassinados; 20 deles em Mato Grosso do Sul, segundo levantamento preliminar feito pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário). O relatório aponta que as mortes vão desde desentendimentos e brigas de casais a discussões dentro da própria família. A maioria das vítimas é Guarani-Kaiowá, etnia presente em mais da metade da população indígena do Estado – entre 35 mil e 40 mil de um total de 55 mil índios.

De acordo com a assessoria do Cimi, dentre os 20 índios assassinados, pelo menos 12 são Guarani-Kaiowá. Nos outros homicídios a etnia não foi identificada, contudo, eles eram moradores de aldeias Guarani-Kaiowá. Com base nas estimativas do Cimi, poderia se calcular, de forma preliminar, uma taxa de pelo menos 50 assassinatos por 100 mil habitantes – considerando a população entre 35 mil e 40 mil e 20 mortos.

O índice representa quase o dobro da taxa nacional de homicídios (26,7 por 100 mil) e é quase 70% superior à taxa do estado de MS (29,3 por 100 mil), conforme comparação com os dados de 2004 do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas). O número se aproxima do verificado na cidade do Rio de Janeiro (56,4) e só é superado pelo registrado em outras cinco capitais: Vitória, Porto Velho, Maceió, Belo Horizonte e Recife.

O vice-presidente do Cimi, Saulo Feitosa, disse, à reportagem da Agência Brasil, que a maior preocupação do conselho está relacionada aos assassinatos cometidos pelos próprios índios, e que a questão fundiária seria o principal motivo. “No Mato Grosso do Sul, acontecem várias tensões externas e internas, e isso gera violência. E a não resolução do problema fundiário tensiona essas questões”, destacou.
Feitosa avalia que o uso do álcool pelos índios é conseqüência da realidade social vivida, já que o problema das terras não é resolvido. “Esse uso de bebidas alcoólicas agrava as cenas de violência, que podem gerar mortes”, enfatiza o vice-presidente do Cimi.

Relatório feito pela antropóloga Lucia Helena Rangel, do Cimi, mostra que os índios Guarani-Kaiowá sofrem com um dos menores índices de terra por habitante entre os grupos indígenas do País. Em algumas áreas, há menos de um hectare por pessoa.
No ano de 2005, foram registradas 43 mortes, ao todo. O total de índios no País é de 734 mil. Os dados do estudo são resultado do cruzamento de informações dos técnicos do Cimi que monitoram as aldeias com notícias publicadas na imprensa. A íntegra do Relatório de Violência contra Povos Indígenas no Brasil em 2006 deve ser divulgado em abril.

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