2014-11-22 09:09:00
Como alcançar o sucesso? No Brasil, pouquíssimas startups encontraram a resposta. Grande parte tropeça na dificuldade, como mostrou a repórter Renata Ribeiro. A boa notícia é que quem chegou está incentivando os novatos. É o que pode ser visto na última reportagem da série> "Uma ideia pode mudar o mundo".
Na quarta reportagem da série “Startups”, o Jornal da Globo mostrou que o Brasil está cheio de oportunidades. O sucesso por aqui não vem fácil, mas a recompensa pelo esforço pode ser grande. Prova disso é a história do Buscapé.
Em 1999, um grupo de garotos de São Paulo criou uma startup que chegou a valer US$ 400 milhões em apenas dez anos. Como? Eles contaram na primeira conversa com o Jornal da Globo, em 2003.
“O segredo foi ir atrás do coração do consumidor, trazer para o consumidor o máximo de informações para ele tomar uma decisão de compra consciente”, conta Romero Rodrigues, fundador do Buscapé.
A ideia deles foi o Buscapé, um site de pesquisa e comparação de preços. O projeto foi considerado absurdo no início.
“A gente foi atrás dos varejistas explicando que o que está ou não na internet, a gente vai juntar todos os produtos e preços em um site só, vamos colocar todos os players e vamos comparar com seu concorrente. Ninguém queria pagar para estar no Buscapé. Recordo a primeira vez que nós ligamos para um varejista, em 1998 ainda, ele falou ‘olha, isso deve ser algum trote, alguma pegadinha, porque eu nao dou preço nem por telefone’”, lembra Rodrigo Borges, fundador do Buscapé.
Mesmo assim, o site pegou e atraiu um grupo sul-africano, que comprou a maior parte das ações da empresa.
Em 2013, o Buscapé já era o maior site de comparação de preços da América Latina. Um ano depois, virou o maior do mundo. Foi o que descobrimos quando voltamos à empresa para saber como foi 2014.
“Quando a gente teve oportunidade de absorver, comprar todos os ativos de comparação de preços da Naspers, que é o investidor do Buscapé. Então, isso mais ou menos dobrou o número de colaboradores que a gente tem hoje, em termos de receita, a empresa também dobrou de tamanho. Então, a gente pode dizer que hoje a gente tem mais negocio fora do Brasil do que no Brasil. É realmente uma multinacional brasileira no mundo digital”, diz Romero Rodrigues, presidente do Buscapé.
A trajetória do Buscapé é parecida com as das startups que mostramos nesta série. Os fundadores enxergaram uma oportunidade, como o Adriano, da Agroinova. Eles correram atrás do investimento, como a Ana e o Billy, da Forebrain, e tiveram que superar dificuldades, como as da Cristina para colocar o Hello Universe no ar.
O Buscapé conseguiu passar por todas as etapas e agora está ajudando a plantar a semente do sucesso para outras startups. A empresa faz um concurso para encontrar boas ideias. Os donos das melhores são convidados a trabalhar dentro do Buscapé, e recebem investimento.
Ainda são poucos os casos brasileiros de startups bem sucedidas no Brasil, e é claro que o país precisa deles. Segundo especialistas, as empresas que crescem e chegam ao topo incentivam empresas menores, geram inovação. É como um ecossistema: as árvores grandes precisam das pequenas, das gramíneas e vice-versa.
É nisso que acredita também o maior ícone da cultura startup: a Google. A empresa vai abrir em São Paulo o Google Campus, um espaço de trabalho coletivo para empresas iniciantes.
“O Brasil é visto pelo Google como um grande centro de desenvolvimento, de criação de novas ideias, negócios, foi visto que aqui tem uma concentração muito boa de startups, ideias e pessoas conhecedoras de tecnologia. Por isso que se decidiu fazer aqui no Brasil e, especialmente, em São Paulo”, diz José Papo, gerente de relacionamento com desenvolvedores do Google Brasil.
O campus brasileiro vai começar a funcionar em 2015. Será o terceiro do Google no mundo. Já existe um em Tel Aviv, em Israel, e outro em Londres, na Inglaterra. Trinta mil pessoas já se cadastraram para usar a estrutura londrina.
Sarah Drinkwater, coordenadora do campus, explicou porque um lugar como esse é importante. “O aluguel em Londres é muito caro, e os empreendedores geralmente trabalham em casa, gastam muito com café. Este campus é um ponto de encontro. Oferecemos uma rede de suporte, orientação, o café e o espaço de trabalho de que eles precisam para ter sucesso”, explica Sarah.
Michael se instalou ali há dois anos e meio, quando o campus foi aberto. “Aprender com os erros que outras empresas fizeram e com os desafios que outros superaram é a coisa mais importante que aprendemos por aqui”, conta o estudante no campus.
Trocar experiências no Brasil e no exterior é fundamental para quem está começando. É o que diz Joi Ito, diretor do MIT (Massachusetts Institute of Techonology). Ele dá ainda outro conselho:
“É preciso pensar globalmente e se conectar à rede porque há mercados, pessoas e informações em todo o mundo.É sempre mais fácil e rápido construir algo, apostar nisso e ver a resposta do que ficar sentado pensando. É importante se dar permissão para fazer, em vez de só planejar. A maioria das coisas fracassa porque você nem tentou”, diz Joi Ito.
Joi e muitos outros estão à procura da próxima grande ideia que pode mudar o mundo. Será que não é a sua?
