2007-08-10 16:46:37
O enfrentamento ao tráfico de pessoas foi tema de seminário realizado ontem em Dourados, coordenado pelo Instituto Brasileiro de Inovações Pró-Sociedade Saudável Centro-Oeste (Ibiss).
O evento reuniu em torno de 60 pessoas, entre gestores de políticas públicas, da rede de atendimento à mulher, abrigos, Promotorias, Ministério Público, polícia, universidades, comunidade indígena e instituições que estão ajudando a detectar as fragilidades do Estado e a indicar caminhos para coibir crimes contra o direito de ir e vir.
Palestra de Clarissa Corrêa de Carvalho, da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres da Presidência da República abriu o seminário, no Paladar. Em entrevista ontem ao O Progresso e ao Douradosagora, confirmou que o Estado é rota para o tráfico de pessoas com a finalidade de exploração sexual, comércio de órgãos e escravidão. A atividade hoje é uma das mais rentáveis ao redor do mundo. No Brasil, já se equipara ao tráfico de armas e só perde para o de entorpecentes.
Segundo ela, uma característica local é o trabalho escravo de crianças, adolescentes, mulheres e indígenas, por conta do setor sucroalcooleiro. Ela explica que o MS é corredor, origem e rota do tráfico, que se caracteriza por ameaça, coação e alguma forma de exploração.
A psicóloga Rosário Ferreira, consultora do escritório das Nações Unidas contra o crime e drogas, diz que a maioria das vítimas do tráfico interno e internacional são mulheres de baixa renda, negras e indígenas. Pessoas em situação de vulnerabilidade social, que acabam se deparando com situações de violência e exploração. A professora Zonir Tetila, primeira-dama de Dourados, fez um apelo para que se faça um verdadeiro mutirão contra o tráfico de pessoas e pediu empenho da sociedada organizada.
O seminário "Mato Grosso do Sul na garantia dos direitos da mulher em situação de tráfico de pessoas" é o segundo de quatro eventos previstos para o Estado; o primeiro aconteceu em junho, na capital; os próximos serão
Conforme o representante do Ibiss em MS, Guilherme Soares Dias, o projeto visa a sensibilização da sociedade por um olhar humanizado e livre de preconceito, que muitas vezes emperra o trabalho de combate às diversas formas de violências. Prevê também a capacitação do pessoal que atua no atendimento às pessoas em situação de risco, o mapeamento da rede de atendimento, e a articulação das organizações não governamentais e ONGs que atuam no enfrentamento ao tráfico.