2007-08-08 19:39:37
O mercado de câmbio aproveitou o sinal positivo no cenário externo e fez o dólar cair mais de 1 por cento nesta quarta-feira, abandonando o patamar de 1,90 real após três sessões.
A moeda norte-americana recuou 1,10 por cento e fechou cotada a 1,886 real. No mês, porém, o dólar ainda acumula alta de 0,16 por cento.
Os mercados globais viviam um dia de tranquilidade após o comunicado do Federal Reserve sobre a política monetária dos Estados Unidos. O banco central norte-americano, que manteve o juro a 5,25 por cento ao ano, disse que a maior economia do mundo deve crescer moderadamente mesmo que as condições de crédito tenham ficado um pouco mais apertadas.
Os problemas no setor hipotecário e de crédito dos Estados Unidos dispararam nas últimas semanas uma forte turbulência nos mercados financeiros, que tirou o dólar do menor patamar desde 2000 em que vinha sendo cotado. Nesta sessão, porém, as bolsas de valores exibiam altas consistentes desde o início dos pregões.
"O mercado está acomodado, acompanhando a tranquilidade que deu a carta do Fed. Ontem mesmo já deu essa acalmada, e hoje está confirmando isso", disse Renato Schoemberger, operador de câmbio da Alpes Corretora.
O ambiente mais favorável derrubava a percepção de risco dos países emergentes pelo segundo dia seguido. Durante a tarde, o risco Brasil, medido pelo JP Morgan, caía 18 pontos, para 176 pontos-básicos. O maior apetite dos investidores por ativos brasileiros engrossou o fluxo cambial positivo e contribuiu para a queda do dólar, disse Schoemberger.
"Ontem a bolsa já registrou um pouco de entrada de estrangeiros, coisa que não tinha acontecido nas últimas duas semanas, e que está agregando com o fluxo comercial". A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que subiu 1,34 por cento na terça-feira, chegou a avançar mais de 3 por cento nesta sessão.
O analista Pedro Tuesta, da consultoria 4Cast, disse também que a entrada de dólares no país foi engrossada pelo aumento das operações de "carry trade", nas quais o investidor toma empréstimos em países com juros muito baixos, como o Japão, e investe em ativos com retorno elevado, como a moeda brasileira. "Os fundamentos econômicos do país são sempre um bom ponto de partida", afirmou Tuesta.
Schoemberger, porém, avalia que a volatilidade pode ter apenas diminuído temporariamente. "O que pode acontecer é que (apareça) aquela notícia pontual a respeito de alguma instituição financeira com problema de liquidez por conta do subprime (crédito de alto risco), e isso faça com que o mercado tome outro rumo", afirmou.
No final da sessão, o Banco Central realizou um leilão de compra de dólares no mercado à vista, mas a operação surtiu pouco efeito sobre a taxa de câmbio. A autoridade monetária definiu corte a 1,8869 real e aceitou, segundo operadores, ao menos cinco propostas.