2007-08-02 23:29:37
A Polícia Metropolitana de Londres (Scotland Yard) se desculpou nesta quinta-feira (2) pelos "erros de comunicação interna e externa" cometidos ao dar informações errôneas sobre a morte de Jean Charles de Menezes. Disse ainda, através de comunicado, que poderia ter "agido melhor" no caso do brasileiro.
A Scotland Yard reagiu assim a uma investigação oficial que acusou o corpo de polícia de "graves deficiências" na gestão da informação sobre a morte de Jean Charles, morto a tiros em julho de 2005 por agentes que o consideraram um terrorista.
Em comunicado, a Scotland Yard ressaltou que eram "infundadas" as queixas da família do brasileiro, que tinha acusado a polícia de mentir sobre o caso, com exceção do comportamento do subcomissário Andy Hayman.
Segundo a investigação, Hayman – encarregado das operações especiais da Scotland Yard – "mentiu" para a opinião pública ao não informar a tempo seus superiores, entre eles o comissário-chefe da força policial, Ian Blair (que não tem ligação familiar com o ex-premiê Tony Blair), que os policias tinham matado um inocente.
Na nota, a polícia afirma que "o fato de que as queixas sejam infundadas não significa que a Polícia Metropolitana não poderia ter agido melhor".
O corpo policial ressalta sem rodeios que a morte do brasileiro foi "uma tragédia absoluta" e voltou a pedir desculpas à família da vítima por causa do erro.
A Scotland Yard respondeu, assim, ao segundo relatório sobre o caso elaborado pela Comissão Independente de Queixas à Polícia (IPCC), órgão supervisor do trabalho das forças da ordem no Reino Unido.
Jean Charles, que tinha 27 anos e trabalhava como eletricista, morreu ao receber oito tiros – sete na cabeça e um no ombro – disparados por agentes da brigada antiterrorista da Scotland Yard em 22 de julho de 2005, na estação de metrô de Stockwell (sul de Londres).
Os policiais acharam que Jean Charles fosse um dos terroristas que tinham cometido os atentados fracassados do dia anterior contra três estações de metrô e um ônibus da capital.
Esses ataques foram similares aos cometidos em 7 de julho de 2005 contra a rede de transporte londrino, que deixaram 56 mortos – incluindo os quatro terroristas suicidas – e cerca de 700 feridos.
Horas depois do tiroteio, Ian Blair disse que o incidente estava "diretamente relacionado" às operações antiterroristas em torno dos atentado fracassados.