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sábado, 20 de abril de 2024

Eletrodo no cérebro faz homem voltar a falar

2007-08-01 21:46:37

Ele foi espancado até quase a morte ao ser assaltado em 1999. Seu crânio foi esmagado, e o cérebro sofreu lesões severas. Por seis anos, o homem não falou nem comeu. Às vezes mostrava sinais de consciência e mexia os olhos ou o polegar para se comunicar. Não mexia os braços, alimentava-se por um tubo. Mas um grupo de pesquisadores o escolheu para uma tentativa experimental de recuperar seu cérebro com a ajuda de eletrodos. Eis como sua mãe descreve a mudança no filho, que agora tem 38 anos:

"Meu filho agora consegue comer, falar, assistir um filme sem pegar no sono", afirmou ela durante uma entrevista coletiva por telefone, tentando evitar as lágrimas. "Consegue usar uma caneca, expressar dor, chorar e rir. Consegue dizer ‘Mamãe, eu te amo’, o que é o mais importante."

O progresso do paciente, cuja identidade foi preservada a pedido da família, está descrito na edição desta semana da revista científica britânica "Nature" (www.nature.com). Especialistas disseram que os resultados são encorajadores, mas que o tratamento experimental precisa ser testado em mais pacientes para realmente avaliar sua eficácia.

Antes da implantação dos eletrodos, o homem estava no chamado "estado minimamente consciente". Isso significa que ele mostrava apenas ocasionalmente algum grau de consciência de si mesmo e de seus arredores. Em um coma ou estado vegetativo, por outro lado, os pacientes não mostram nenhum desses sinais. Há médicos que tentam usar medicamentos para tirar as pessoas do estado minimamente consciente, mas nenhum remédio tem eficácia comprovada nesses casos.

 No fundo do cérebroO tratamento experimental é conhecido como estimulação cerebral profunda. Tem sido usado há anos para tratar o mal de Parkinson, embora no caso em questão os eletrodos tenham sido implantados em lugares ligeiramente diferentes. O objetivo é trazer estímulos elétricos para regiões do cérebro que são críticas para certas capacidades, como a fala.

Apesar do sucesso parcial, no entanto, o homem descrito no artigo da "Nature" continua com sérios problemas. Não consegue andar, precisa ser alimentado a colheradas e não consegue escovar os dentes porque os tendões de seus braços se contraíram depois de anos de imobilidade, afirma o principal autor do estudo, Nicholas Schiff, da Faculdade Médica Weill Cornell, em Nova York. O paciente não consegue começar uma conversa, mas é capaz de responder a perguntas, em geral usando de uma a três palavras.  

Os eletrodos ficam implantados durante 12 horas por dia. O paciente continua a melhorar desde o fim formal do experimento em fevereiro de 2006, dizem os médicos. James Bernat, professor de neurologia da Escola Médica de Dartmouth (EUA) que não participou do estudo, afirmou que a pesquisa é empolgante e importante. Agora, é preciso descobrir quais pacientes têm chance de responder ao tratamento. A mesma técnica não ajudou Terri Schiavo, paciente americana que ficou anos em estado vegetativo e cuja eutanásia provocou controvérsia mundial em 2005.


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