2007-05-31 04:51:00
Vilson Nascimento
Cansados de esperar por uma resposta da direção nacional da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Brasília sobre o pedido de revogação da portaria que extinguiu a Administração Regional do órgão em Amambai, que foi reduzido a núcleo subordinada a recém criada Administração Regional para o Conesul em Dourados, cerca de 25 mil índios guarani-kaiowá e guarani-ñhandeva divididos em 22 terras indígenas em 12 municípios da região da fronteira do Brasil com o Paraguai passarão a bloquear, a partir de meio dia de hoje, quinta-feira, diversas rodovias da fronteira como forma de protesto pelo fechamento da AR.
Segundo as lideranças indígenas no final da tarde dessa quarta-feira foi enviado um novo relatório ao presidente da Funai em Brasília, Márcio Augusto de Meira exigindo a manifestação do órgão referente e a permanência da Administração Regional. Ontem, quarta-feira venceu o prazo dado pelo indigenista Cláudio Romero que foi enviado de Brasília na semana passada para realizar um levantamento da situação na região, para apresentar uma resposta em relação à permanência da administração regional do órgão federal em Amambai, porém tal resposta não veio.
“Se quer estamos conseguindo falar com ele” disse o cacique da Aldeia Amambai Rodolfo Ricarte ao relatar que as lideranças indígenas buscaram todos os caminhos para tentar resolver o problema pela diplomacia, mas não foi possível.
“A última coisa que queríamos é ter que tomar uma atitude extrema dessa, que é fechar rodovias e atrapalhar as pessoas, mas como não fomos atendidos temos que fazer isso para chamar a atenção e mesmo sabendo das conseqüências, temos que agir senão nossos filhos e nossas famílias é que vão perecer sem assistência em toda essa vasta região”, disse um dos líderes indígenas.
Segundo as lideranças guaranis se até ao meio dia de hoje a Funai não se manifestar, todas as aldeias da região se movimentarão e começarão a montar bloqueios por tempo indeterminados em rodovias da região. Em Amambai os indígenas planejam fechar os principais acessos à cidade, a rodovia MS 386 no trecho que liga Amambai a Ponta Porã na altura da Aldeia Amambai e a MS 156 em dois trechos, no trecho interligando Amambai a Tacuru na Aldeia Limão Verde e Amambai a Caarapó que seria bloqueada por grupos da Aldeia Rancho Jacaré de Laguna Caarapã.
Em Coronel Sapucaia os indígenas fecharão a rodovia MS 289 no trecho que liga Coronel Sapucaia a Amambai. Em Paranhos a intenção também é fechar dois acessos, a MS 295 que liga Paranhos a MS 156 entre Amambai e Tacuru e a MS 299 que liga Paranhos a Sete Quedas.
Em Japorã indígenas guarani-ñhandeva das aldeias Ivy-Katu e Porto Lindo também prometem fecha os acessos interligando Iguatemi, Sete Quedas e Japorã. A rodovia MS 384 entre Bela Vista e Antônio João seria bloqueada em dois trechos, um por grupos formados na Aldeia Piraguá em Bela Vista e outro por indígenas da Aldeia Marangatu em Antônio João.
Segundo as lideranças indígenas o plano também prevê o bloqueio da BR 163 no trecho entre Naviraí e Mundo Novo, passado por Eldorado. De acordo com as lideranças a rodovia federal, uma das mais importantes rodovias federais que corta o Estado em Mato Grosso do Sul seria bloqueada na região de Eldorado por indígenas da Aldeia Serrito de Eldorado.
Cláudio Romeiro terá reunião hoje
No final da tarde dessa quarta-feira a reportagem do A Gazetanews entrou em contato com o indigenista Cláudio Romero que está em Brasília.
Segundo o indigenista ao retornar de Amambai, no final de semana passado, ele acabou passando mal e permaneceu de repouso até anteontem, terça-feira.
“Voltei ao trabalho nessa quarta-feira e às 9h da manhã (8 horas em horário MS) dessa quinta-feira terei uma audiência com o presidente da Funai Márcio Augusto de Meira para discutir o problema da Administração Regional da Funai em Amambai e assim que terminar a reunião entrarei em contato informando o resultado”, disse Cláudio Romero via telefone. O clima de tensão que já se arrasta por mais de 20 dias piorou na tarde de ontem em Amambai.
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