2007-05-30 17:35:00
O HU/UFMS (Hospital Universitário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) vai desembolsar R$ 912 mil para o aluguel de dez máquinas de hemodiálise e R$ 64,8 mil para um equipamento de osmose reversa quando os valores aplicados seriam suficientes para compra de quase o dobro dos produtos. Pelos valores de mercado, o HU poderia comprar em média 19 máquinas de hemodiálise e duas de osmose reversa com o investimento que fez para alugar os equipamentos por meio de licitação realizada no dia 6 de março.
A justificativa do diretor do HU, Pedro Ripel, para a locação é que o contrato inclui assistência técnica, que deve ser de 48 meses. O objetivo seria baratear o custo do serviço. A assistência técnica também está entre as exigências de edital para a compra de equipamentos de hemodiálise pela Secretaria de Saúde de Minas Gerais, como pesquisou a reportagem do Campo Grande News. Naquele Estado, que fará pregão na modalidade menor preço, semelhante ao que ocorreu no HU, o valor de início do lance disposto é de R$ 47,1 mil para o equipamento de hemodiálise e R$ 23,5 mil para o de osmose reversa. A estimativa da Coordenadoria de Compras e Materiais local é que o valor caia em até 30%, já com a assistência técnica embutida por um período de 12 meses. O pregão mineiro está marcado para a primeira semana de junho.
A reportagem apurou ainda, com um representante de Fortaleza (CE), que o preço máximo de um equipamento de hemodiálise com tecnologia de última geração chega a R$ 50 mil com assistência técnica inclusa. Ou seja, caso o HU investisse os R$ 912 mil na compra das máquinas, poderia adquirir 18 máquinas e ainda sobrariam R$ 12 mil.
Pedro Ripel reforçou que o HU não tem orçamento para a compra de equipamentos. Os alugados estão na instituição há cerca de 15 dias. Para manter o aluguel, cuja primeira parcela vence em junho, a direção do hospital já solicitou à Secretaria de Estado de Saúde o aumento do teto para tratamentos de alta complexidade, hoje em R$ 250 mil. “Com esse aluguel, considerando a radioterapia, o valor da alta complexidade deveria, no mínimo, dobrar”, argumenta.
Dados do Ministério da Saúde indicam que o repasse mensal ao HU é de R$ 1,097 milhão. Esse valor foi definido em março de 2006 quando foi estabelecida correção retroativa a novembro de 2005. Do total de recursos, R$ 927,8 mil são verbas federais e referem-se ao incentivo à contratualização (R$ 135 mil/mês), aos atendimentos à população pelo SUS (R$ 440 mil/mês) e incentivo ao desenvolvimento de ensino e pesquisa e manutenção (R$ 337,8 mil/mês). O restante dos recursos é repassado pela Secretaria Estadual de Saúde, no valor de R$ 85 mil, e a Secretaria Municipal de Saúde, no valor de R$ 85 mil.
Máquinas paradas – Embora tenha que começar a pagar o aluguel do equipamento em junho, o HU ainda não colocou em funcionamento as máquinas locadas. Conforme Ripel, houve problema no equipamento de osmose reversa. A máquina é usada no tratamento da água e foi identificada contaminação. “Foi preciso suspender até que possa estar livre de bactérias”.
A expectativa de Ripel é que em uma semana problema seja resolvido porque somente seis laboratórios são cadastrados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para trabalhar com a análise desse tipo de equipamento.
O diretor explicou que hoje apenas cerca de seis pacientes são tratados com a terapia renal substitutiva, a hemodiálise, na única máquina em operação. A demanda estadual para esse tipo de tratamento é de 700 pessoas.