2007-05-30 08:02:00
O mundo todo assiste atônito, em pleno século XXI, a um presidente silenciando um canal privado de televisão, calando a voz sublime da Democracia. Então, eu me pergunto: o que mais esse presidente, um “ditador moderno” (porque foi eleito pelo povo), ainda poderá fazer?
Minha reflexão (ou temor) vai um pouco além. Diversas nações do mundo manifestaram-se contra a atitude imperialista de Chávez, deixando bem claro que o passo que o presidente venezuelano deu é um salto perigoso para trás, um retrocesso na história, uma atitude inconcebível e, portanto, digna de reprovação. E o Planalto se cala!
Eu até entendo sua posição, “alegando respeito à soberania e, por isso, não se manifestando no caso”. No entanto, o PT do presidente Lula, o PSOL e outras sete organizações populares brasileiras assinaram manifesto de apoio ao fechamento da Rádio Caracas de Televisão (RCTV), entregue no último domingo (27) à Embaixada da Venezuela em Brasília.
Isso me faz lembrar um discurso do presidente Lula, no seu melhor estilo fanfarrão, aqueles que não são preparados por seus assessores, de que “o problema da Venezuela é o excesso de democracia”. O incauto presidente tupiniquim referira-se ao fato de Chávez ter sido reconduzido à presidência da Venezuela através do voto. Não preciso lembrar que Lula ignorou o fato do presidente venezuelano ter, supostamente, fraudado o processo e ter sido alvo da crítica internacional.
Aliás, Lula ignora muita coisa
Essa perigosa amizade do nosso presidente (aliás, Lula é fascinado por perigosas amizades. Vejam o Fidel, por último o Evo Morales…) acaba revelando uma preocupação. A mim, pelo menos. Quais eram suas reais intenções ao assumir o poder no governo brasileiro?
Todo país, livre e soberano, deve ter um ardente zelo pela Democracia. E a imprensa, mesmo com seus erros e, talvez, suas tendências, deve ser preservada de qualquer atentado que possa feri-la, arranhá-la sequer, pois ela é a porta-voz do povo. A Democracia fala, grita se preciso, pela liberdade de imprensa.
Felizmente, o Brasil não é a Venezuela. Isso parece óbvio, mas refiro-me ao fato de nossa história e nosso povo, acima de tudo, não permitir atentados à liberdade de imprensa como houve no país irmão.
É verdade que ainda temos latente em nossas mentes – e quando vemos uma atitude como a do Chávez não tem como não relembrar – fatos como o famigerado sonho do nosso “Lulinha paz e amor” de criar o Conselho de Imprensa, a patética expulsão do jornalista americano do New York Times, Larry Rohter, dentre outras atitudes.
Será que essas “amizades” do presidente Lula não estariam lhe estariam fazendo mal? “Diga-me com quem andas que te direi quem és…”
Finalmente, um país que quer calar sua imprensa independente, que passa agora a ter somente emissoras controladas pelo governo, só tem uma meta: calar as vozes dos cidadãos e cidadãs que querem manifestar suas opiniões, concordar, discordar…
O povo não quer mais apenas “pão e circo”. Quer ser gente, livre, com o sagrado direito de ir e vir e manifestar suas opiniões sendo respeitado e salvaguardado por seus governantes.
Queremos isso para o Brasil. Também o queremos para a Venezuela e para todo o mundo.
Claudinei José de Oliveira
Professor e Assessor de Imprensa da Prefeitura de Iguatemi
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