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sexta-feira, 29 de março de 2024

Polícia decreta prisão preventiva de 5 servidores

2007-04-21 21:57:00

A Polícia Civil de Cassilândia liberou ontem à noite a servidora Luceni Quintana Corrêa, tesoureira da Prefeitura, e decretou a prisão preventiva dos servidores Ivete Vargas Rocha de Souza, Ana Regina Arantes, Waldimiro José Cotrim Moreira, Orange Rezende e Silva e Jorge Kobaiashi acusados de fraude, desvio de dinheiro público e agiotagem que foram descobertas durante a “Operação Judas”. Na manhã de hoje ainda foi colocado em liberdade Eugênio Luiz Azambuja, marido de Luceni Quintana Corrêa, que, a exemplo da esposa, foi solto graças ao fim do prazo da prisão temporária.

As informações foram repassadas há pouco ao Midiamax pelo delegado Paulo Henrique Rosseto de Souza, da Polícia Civil de Cassilândia e responsável pelo inquérito que apura denúncias, explicando que a prisão preventiva da servidora e do marido não foi pedida porque ambos colaboraram com as investigações. Ele explicou ainda que a tesoureira foi enquadrada na delação premiada e passou a fornecer detalhes sobre os esquemas fraudulentos.

Ainda segundo o delegado, Eugênio Azambuja também confessou a prática dos crimes e foi enquadrado na delação premiada, enquanto os outros cinco servidores não colaboraram com as investigações e por isso tiveram a prisão preventiva decretada. A Polícia interrogou Kobaiashi e Cotrim, mas nenhum admitiu participação no esquema, sendo que o primeiro se reservou o direito de ficar calado e a defesa do segundo disse que ele não tinha condições de responder às perguntas devido ao frágil estado de saúde.

Recurso

Ontem o prefeito de Cassilândia, José Donizete Ferreira de Freitas (PT), e o vice-prefeito Sebastião Pereira da Silva (PSB), o “Tião da Marieta”, ingressaram com um agravo junto ao TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) contra a decisão do juiz Ronaldo Gonçalves Onofre, da 1ª Vara Civil e Criminal de Cassilândia, que determinou o afastamento de ambos por 30 dias em decorrência das denúncias de fraude, desvio de dinheiro público e agiotagem na Prefeitura e que foram descobertas durante a “Operação Judas”.

Em decorrência do afastamento de ambos, na quinta-feira tomou posse no cargo o presidente da Câmara Municipal de Cassilândia, vereador Baltazar Soares Silva (PSDB), 39 anos, assumiu a Prefeitura e, durante o discurso de posse, afirmou a suspensão de todos os pagamentos da Prefeitura para fornecedores por três dias para organizar as contas da administração municipal e tomar conhecimento sobre o dinheiro disponível em caixa. Ele salientou que conta com o apoio dos vereadores para administrar a Prefeitura e os convocou para trabalharem juntos.

O prefeito interino salientou que o momento é difícil, mas garantiu que fará o possível para “desempenhar bem essa nova jornada em sua vida”. Ele já designou que os veículos oficiais da Prefeitura, que são alugados, fiquem no pátio do centro administrativo, pois os vereadores da cidade são contrários ao pagamento deste aluguel, sendo que a Prefeitura conta com dois veículos – Uno e um Santana – que eram utilizado por Donizete.

Quebra de Sigilo – Também ontem o juiz Ronaldo Gonçalves Onofre determinou a quebra do sigilo bancário e o seqüestro de bens do prefeito, do vice-prefeito e dos servidores municipais Ivete Vargas Rocha de Souza, Ana Regina Arantes e Waldimiro José Cotrim Moreira. Na sexta-feira, o delegado afirmou que a Polícia tem em mãos imagens que comprovam os crimes cometidos por servidores municipais que sacavam dinheiro do Executivo para “emprestar” a juros elevados.

Segundo o delegado, o MPE colheu imagens do circuito interno de TV da agência do Banco do Brasil na cidade em que os servidores são flagrados sacando “na boca do caixa” dinheiro da Prefeitura para suposto pagamento de fornecedores, valor que era desviado e depositados novamente na conta do Executivo para não levantar suspeitas. “As lâminas de cheque emitidas pela Prefeitura, tinham como beneficiária a própria Prefeitura, este tipo de conduta nos causa estranheza. Esse dinheiro sacado que dava entrada nos cofres públicos servia para alimentar a quadrilha, demonstrando rede de corrupção que agia na Prefeitura de Cassilândia”, disse.

De acordo com Paulo Henrique, os servidores confessaram em depoimento que emprestaram dinheiro a juros, sacando o valor da conta da própria Prefeitura. “Se o cheque voltasse sem fundo, o prejuízo ficava com a Prefeitura”, argüiu o delegado, revelando ainda que, através de depoimentos colhidos com fornecedores da Prefeitura, foi comprovada a prática de emissão de notas frias para “dar baixa” no dinheiro que estava sendo retirado dos cofres públicos e encobrir o ato criminoso.

MPE

O promotor de Justiça Ronaldo Vieira Francisco disse que as investigações continuam para colher novos elementos que possam identificar outros envolvidos no esquema desmantelado pela “Operação Judas”. “Investigamos as empresas fornecedoras do município que são muitas, em torno de cinco mil. Algumas já foram investigadas e constatamos algumas irregularidades, outras ainda serão investigadas, mas a investigação prossegue porque a listagem de fornecedores é muito extensa. De 2005 para cá o número de fornecedores praticamente triplicou e o município não acompanhou este crescimento”, alegou o promotor.

Conforme o promotor de Justiça, o afastamento do prefeito e do vice-prefeito diz respeito à própria colheita de provas, pois ontem se constatou que a Prefeitura estava emitindo segunda via de nota de empenho, os documentos primários estavam desaparecendo, para facilitar o desvirtuamento da investigação. Sobre o afastamento por 30 dias do prefeito e do vice, o promotor de Justiça alegou que o pedido foi formulado como medida preventiva, já que ficou constada a destruição de documentos na sede da Prefeitura.

“Contatamos que durante os nossos trabalhos de investigação, alguns documentos estavam sendo destruídos, rasgados e jogados no lixo da Prefeitura, por conta disso para evitar que haja esse perecimento da prova , optamos por afastar os dois do cargo até a conclusão dos trabalhos”, disse. O delegado finalizou relatando ainda que o servidor Jorge Kobaiashi, contador da Prefeitura, teve a prisão decretada devido à conduta durante as investigações, já que a Prefeitura solicitou que ele se mantivesse afastado do caso, mas ele compareceu ao local e manteve contato com as testemunhas que já tinham sido ouvidas pela Polícia.

“Ele queria saber o que elas haviam dito em depoimento, dizendo que levaria as informações para os superiores para que as medidas cabíveis fossem tomadas. A Polícia entendeu que ele estava tentando intimidar as testemunhas para não mencionar a verdade dos fatos e por isso foi preso”, explicou Paulo Henrique.

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